O município de Londrina teve em 2024 o ano mais quente da sua história, com média das temperaturas máximas de 29,9 ºC, 1 grau acima do último recorde em 2020 que era de 28,9 ºC e 2,4 graus acima da média histórica. "Parece pouco mais não é, em se tratando de média anual", afirma a agrometeorologista do IDR-Paraná Heverly Morais.
Segundo a pesquisadora, nos últimos seis anos foram quebrados quatro recordes de temperaturas em Londrina e ondas de calor têm se tornado cada vez mais frequentes, intensas e duradouras.
Heverly Morais coloca que, nos últimos seis anos, o clima de Londrina foi caracterizado por verões e primaveras muito quentes. Em outubro de 2020, o termômetro bateu a marca de 40°C, um recorde histórico.
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"Esse aumento de calor não se deu apenas em pontos isolados, mas refletiu uma mudança sistemática no padrão climático local, com uma combinação de fatores como o aumento da emissão de gases de efeito estufa, ampliação da urbanização e da pavimentação, redução da área verde, o desmatamento das áreas de entorno, entre outros", explicou a pesquisadora.
O cenário reflete uma tendência global. De acordo com as informações divulgadas pelo centro europeu Copernicus, o ano de 2024 foi o mais quente da história e a emissão de gases de efeito estufa foi identificada como a principal causa do aquecimento, com concentrações de dióxido de carbono atingindo 422 ppm em 2024, o maior aumento anual já registrado.
Redução de chuvas
"Essas temperaturas elevadas em Londrina também decorreram de outra evidência climática observada nos últimos anos no município que foi à redução da precipitação. Houve formações frequentes de bloqueios atmosféricos fortes e duradouros, que são massas de ar quentes e secas que impedem a ocorrência de chuva", explicou Heverly Morais.
Segundo ela, o ano de 2020 foi marcado como o mais seco na história de Londrina desde 1976, quando iniciaram os registros no IDR-Paraná. Choveu 964,4 mm durante todo o ano de 2020, ficando 40% abaixo do esperado que é 1614,2 mm. No ano anterior, em 2019, e em todos os anos subsequentes (2021 a 2024) também foi constatada essa condição de chuva abaixo da média histórica.
A pesquisadora lembra também que além da chuva abaixo do normal, observou-se má distribuição das precipitações, "as quais frequentemente se concentraram em poucos dias havendo longos períodos de estiagem, o que é extremamente desfavorável para a saúde e agricultura".
Outro problema, alerta a agrometeorologista, é a incidência frequente de umidade do ar muito baixa. "Em agosto de 2024 o índice foi extremamente crítico, atingindo 12%, similar ao clima de deserto, deixando a população vulnerável a problemas de saúde, como desidratação, exaustão pelo calor e doenças respiratórias", afirma.
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