Três poemas inéditos do livro "Luas de maçã" da poetisa e contista Jandira Zanchi, fundadora da editora Singularidade.
INSTANTE
rasgado o dia
diáfano
transpira
transparência
onipotência
fugaz e
formoso
nivela-se
de níveis
e nevadas
cai em si
de tantos
flocos e fadas
- anuência em torno –
torneado o instante.
Jandira Zanchi (Luas de maçã, inédito)
PRESUMIDO
a espera é espírito e lacuna na maré móvel da tarde
aonde jovens folheando novos livros - ou alguns mesmos –
fazem os movimentos de um ausente estar presente
presumido e vivo no ato e argumento
a brisa que corre
é o fio do esquecimento
pois se escreve como serve
no sussurro do entendimento
frenesi de esperança
segurança
límpida
em um sono vazio
vagaroso
limitado lado
labutado
da quietude
ao longe as palavras, as armas, os segredos.
Jandira Zanchi (Luas de maçã, inédito)
LUAS DE MAÇÃ
teus olhos selvagens se apagam em imagens
até o gélido norte das luas de maçã
os círculos de fogo amanhecem sua lenda
para conter uma centena de estrelas
e um pedaço de cosmos e alvarás
enquanto, ali, no azul macerado de algum amanhecer,
um ponto de sol aponta a brevidade da tua eternidade.
Jandira Zanchi (Luas de maçã, inédito)