SONHOS PARA JOHN LENNON
Ei, meu amigo John,
por aqui nada mudou!
Os limites dos sonhos
ainda não são diferentes
daquilo que você imaginou,
apenas muitos computadores
e poucas emoções,
muitos mísseis,
muita tensão,
muito vidro,
muito aço,
pouco tempo,
pouco espaço,
e uma saudade sua
e dos seus versos
numa nova canção.
Ser artista e gente como você
é diferente do que posso imaginar,
diferente de tudo, diferente do diferente,
"aqui, ali, em qualquer lugar".
Nem você, nem Beethoven,
nem Schubert, nem Bach
comporia uma sinfonia
para que pudesse o povo, um dia,
acreditar, sonhar e imaginar.
"O sonho não acabou".
"Nada vai mudar nosso mundo".
"I don’t expect you understand".
Eu não espero que você entenda,
apenas compreenda,
que o sonho acabou... para você, John,
para nós, ainda não,
Passaram-se os anos,
cinco tiros não calam uma geração.
Estouram-se os miolos do cantor,
mas não apagam o seu canto.
E na porta do Dakota
um idiota
calou o mundo
por alguns segundos,
calou um pássaro,
mas não seu canto,
que por encanto,
acordou nos muros
de alguma cidade
do interior
do coração
de algum país.
"Somos todos água,
mas de rios diferentes.
Um dia nos encontraremos
no mar e evaporamos juntos".
"Imagine all the people
living life in peace"...
"Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz"...
Jaime Vieira
Jaime Vieira é poeta, professor e escritor, membro da Academia de Letras de Maringá.
Foto divulgação- já publicada no Bonde em 09/10/2015/