CORRER OS OLHOS NA LITERATURA
Num primeiro instante mirar a capa do livro, aquela que lhe chama a atenção pela cor, forma, imagem, autor ou título é rapidamente acolhida pelas mãos. O gênero literário e a apresentação por vezes também contam para estimular a leitura assim, como, a menção ao nome do autor nos pega em definitivo.
Confesso que desta vez foi diferente. O livro me chegou as mãos por uma amiga. Não conhecia os autores nem compreendia inicialmente o título, mas duas coisas me fizeram fixar o olhar. Primeiro um instrumento musical e em seguida um símbolo, que significa árvore a partir do qual criei, já a algum tempo um design que sempre que posso carrego comigo.
No mais deixei a obra ali parada. Entre a mesa do computador e a mesa de criação. Passei umas duas semanas jogando olhadas com o canto do olho, como um cauteloso namoro. Ao abrir o livro encontrei um início, confesso sem tempero. Era final ade tarde e o mantive marcado nas primeiras páginas, ali sonolento. No outro dia acordei cedo e o frescor da manhã acompanhado da luminosidade do sol trouxe novamente as mãos a tal obra.
Tenho que pedir desculpas pela impressão inicial da leitura pois a uma sentada fui página a página descortinando uma leitura que oscila entre a narrativa histórica e a ficção, mas certamente é um romance. Romance onde a infância com suas brincadeiras e medos, junta-se a adolescência de sonhos e encantamentos, atinge a vida adulta em seus enfrentamentos e comprometimentos biogeográficos de casa, família e sociedade.
Não esquece do lugar comum entre política, poder, dinheiro e suas bizarrices e ciladas para em seguida transparecer a ânsia da verdade e da justiça. Trava a batalha da posse de terra, lembra os desafios climáticos que por vezes dizimam as plantações, mas também comunidades e traduz poeticamente entre vida e morte, na qual o valor do ideal e do amor transpareciam.
A ocupação da terra, o aculturar-se e a passagem da infância para a maturidade com todas as consequências do enfrentamento do amor e do desamor, não enfraquecem, mas assinalam que sonhos infantis são possíveis que arte e cultura são veículos de vínculos eternos. Que o taiko, instrumento de percussão, se mantenha audível e honra e disciplina sejam valores para os humanos de todas as geografias.
Bom conhecer Francis Yoschi Kawa e Helena Douthe, membros da Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia. Vontade de ler outras de suas histórias.
Solange de Cácia Chemin Rosenmann
Solange Rosenmann: Especialista em Artes, poeta e escritora. Participou da Antologia de Escritores da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná. Curitiba, 2000. Elaborou o material didático Museu Oscar Niemeyer (2003 a 2010); Publicou artigos Revista Digital de Difusão Cultural Contemporartes, da Universidade Federal do ABC/SP; participou da Antologia Poética, Poesia Livre 2019, da Vivara Editora Nacional.