POESIA À MARGEM DO COXIPÓ
Visão de um mínimo E breve pássaro Que arriva e num átimo Foge, Deixando meus olhos secos E desprovidos de poesia.
Escuta: Habita em mim Um pássaro negro que grita Quando amanhece, E outro que se suicida Sem prévio aviso.
Galhos arvoram A língua nas nuvens, E a noite traz ruídos E tempestades de palavras Que o espírito repele. Me refugio Num esconderijo sem portas. Como um bicho, renuncio A todas as urgências Que me assolaram. Fecho-me, concha indevassável Como a tez de labaredas. O poeta, pode dizer-se, É alguém sempre prestes a ir embora Atrás de algum pássaro. Um ente que se mistura ao mundo Sem pertencê-lo. Um peixe escamoso do Coxipó. Nada demais. Caminha o poeta Por uma estrada, como um tonto, De há muito desconhecida, E que ninguém repara.
Simples Como uma ponte. Como a noite. Como um pássaro, Quando alça vôo sobre o rio. Benilson Toniolo
Benilson Toniolo é poeta, contista e membro da Academia de Letras de Campos do Jordão e Secretário Municipal de Cultura de Campos do Jordão.