Falando de Literatura

O tempo e os idosos (Crônica de José Feldman)

26 out 2024 às 21:34

José Feldman nasceu na cidade de São Paulo. Patologista Clínico, trabalhou no Hospital das Clínicas de São Paulo e Hospital especializado em AIDS. Casado com a poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Kríshna, mudou-se m 1999 para o Paraná, foi vice presidente da Associação dos Literatos de Ubiratã, auxiliou na elaboração do Boletim Paraná em Trovas. Criou o Blog Singrando Horizontes, em 2007. Radicou-se em 2011, em Maringá, foi sub-delegado na UBT Arapongas e atualmente pertence à Delegacia de Campo Mourão. Cadeira n. 35 da AVIPAF. Premiado em concursos de trovas e poesias. Pertence a diversas Academias de Letras e de Trovas. Mérito Cultural no Brasil e exterior. Organizou mais de 500 e-books de trovas e vários concursos. Aposentado, escritor, poeta, trovador e gestor cultural.

O tempo e os Idosos

Crônica do poeta e escritor José Feldman

A passagem do tempo é um fenômeno que afeta a todos nós, mas para as pessoas idosas, ela traz consigo um significado profundo e multifacetado. À medida que os anos se acumulam, as experiências vividas transformam-se em memórias, e cada ruga ou fio de cabelo branco conta uma história. Para muitos, a velhice é uma fase de reflexão, onde o tempo é visto não apenas como um número, mas como uma rica tapeçaria de vivências.

Para os idosos, as memórias se tornam tesouros. Cada lembrança é uma janela para um passado que moldou quem eles são hoje. Recordações de infância, momentos marcantes, amores perdidos e conquistas celebradas são revisitados com carinho. Muitas vezes, essas histórias são compartilhadas com familiares e amigos, criando laços entre gerações e transmitindo sabedoria.

“Lembro-me de quando era jovem e sonhava em viajar pelo mundo”, pode dizer um avô, enquanto seus netos escutam com atenção. Essas histórias não são apenas relatos do passado; elas oferecem lições sobre resiliência, amor e a importância de aproveitar cada momento.

Com o passar dos anos, muitos idosos começam a refletir sobre o significado do tempo. A percepção do tempo muda; dias, meses e anos podem parecer passar mais rapidamente. Essa reflexão pode gerar um sentimento de urgência em viver plenamente, levando-os a cultivar relacionamentos e a realizar sonhos que, por muito tempo, foram deixados de lado.

“Não posso deixar para depois o que posso fazer hoje”, é uma frase que pode ecoar nas mentes de muitos. Esse novo olhar sobre a vida e o tempo pode resultar em decisões ousadas, como aprender uma nova habilidade, viajar para lugares que sempre desejaram conhecer ou até mesmo mudar de estilo de vida.

A velhice traz consigo uma sabedoria inestimável. Após anos de vivências, os idosos possuem uma perspectiva única sobre os desafios da vida. Eles aprenderam que a felicidade muitas vezes está nas pequenas coisas — um por do sol, uma conversa com um amigo, ou um momento de silêncio. Essa sabedoria é um presente que eles compartilham, não apenas com seus familiares, mas com a comunidade ao seu redor.

Muitos idosos se tornam mentores, oferecendo conselhos valiosos aos mais jovens. Têm a capacidade de ver além das dificuldades imediatas, lembrando aos outros que “as tempestades passam e o sol sempre volta a brilhar”.

Entretanto, a passagem do tempo também pode trazer desafios. A solidão é uma realidade para muitos idosos, especialmente à medida que amigos e familiares vão se afastando. A perda de entes queridos pode ser uma das experiências mais dolorosas, e a adaptação a essa nova realidade requer tempo e apoio.

Enfim, a passagem do tempo para as pessoas idosas é uma celebração da vida. Cada ruga é um lembrete de risadas, lágrimas e momentos significativos. A velhice pode ser uma fase de desafios, mas também é uma época rica em amor, aprendizado e gratidão.

Nosso papel é ouvir suas histórias, aprender com suas experiências e honrar suas jornadas. Ao fazermos isso, não apenas celebramos a vida dos idosos, mas também nos tornamos mais conscientes do valor do tempo em nossas próprias vidas. Afinal, cada dia é uma nova oportunidade para criar memórias, aprender e amar.

Fonte: José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.

Crônica publicada com autorização do autor.


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