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Entrevista com Geraldo Magela

28 jul 2021 às 10:22

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- Geraldo Magela - Foto do Decio Romano
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Nosso entrevistado é o poeta Geraldo Magela Cardoso, coordenador da Feira do Poeta de Curitiba.

Geraldo é poeta, editor, performer, produtor cultural, ator e educador. Nasceu em 1956, em Minas Gerais, filho da professora e poetisa Maria Lisbela Cardoso e de José Gonçalves Cardoso, boiadeiro. Trabalha na Fundação Cultural de Curitiba, já foi mediador de leituras, contador de histórias e coordenador de bibliotecas, casas de leituras e do Clube do Xadrez.
"Escrever é ser reconhecido, é como levantar um edifício...tijolo por tijolo....pedra por pedra...se enturmar no meio acadêmico e participar de eventos e divulgar a obra a quatro ventos...desistir nunca....nunca se ache o melhor que o outro.... poderás ser surpreendido....o mundo está cheio de talentos literários."
Geraldo Magela - Poeta

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Geraldo Magela é autor dos projetos: Varal da poesia, 1983; Domingo na Feira, projeto de incentivo a pratica da leitura, 2008; Leitura no Banheiro Público e nas Praças Pública, 2011; CuTUCando a Inspiração, intervenções poéticas, 2013.

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Entre os livros publicados destacamos: Bendita Boca Maldita, poemas, 1982; Os Calombos dos Quilombos, poesia afro; 1983.; Se Metamorfose, poemas concretos, 1984.; Coletânea da Revista Feira do Poeta, poemas, 1986; Poesygynyka, poesia em rolo de papel higiênico – 1986.; Os Mamilos de Vênus, poemas eróticos – 1986; O Homem é Produto do e-mail, microcontos – 2015; O Rebu do Urubu e o Legado do Leão, infantil.

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Quando começou a escrever poesia? Fale um pouco de seu início nos mundo das letras e de sua trajetória.

Comecei a escrever no caos do dia… muito cedo… nos arroubos da juventude… aos 15 anos… cartas amorosas... paixões avassaladoras.
Fiz vários bonecos de livros antes das primeiras publicações. "Bendita Boca Maldita" aos 28 anos. Foram impressos mil exemplares, em 1982.
Antes fazia poemas tipografados em folhas soltas e distribuía nos saraus. Em 84 fiz uma incursão ao poema concreto e publiquei "Se metamorfosee".
Como ativista do movimento negro publiquei "Os calombos dos Quilombos". Poemas afros. Resolvi em 85, fazer um suporte poético em rolos de papel higiênico… uns 500 rolos...10 metros de poemas em cada rolo...usei a tipografia da feira do poeta. Publiquei ouros 15 títulos entre antologias e livros individuais. O livro que mais ficou na mídia foi "Curitiba nunca se sabe" contos e poemas, em 2015.
Tenho três peças de teatro editadas e foram levadas pro teatro por três grupos teatrais; Welcome to Curitiba… capital do freezer, com 32 personagens sobre Curitiba.
Desde década de 80 eu já era produtor cultural... consolidei a carreira num CV concurso público da fundação cultural em 91.
Desde 91 trabalhando com literatura nas bibliotecas… casas de leituras… como incentivador e agora coordenador da feira do poeta… ao qual fui um dos fundadores em 81.
Ajudei a findar a Casa do Poeta do PR, na década de 90... já extinta do cenário.
Cutucando foi um projeto de sucesso que fiz em março de 2013, pro teatro universitário de Curitiba...toda sexta de cada mês… o teatro abre as portas pruma plêiade de artistas fazerem suas performances... literatura… música... danças e outras linguagens.
Um projeto democrático sem visar lucros… com a logística que o teatro oferece… parei na pandemia.… assim que teatro reabrir estaremos lá.



Como é o seu processo criativo?

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Meu processo de criação parte de um pensamento… uma leitura… uma intertextualidade… numa atitude as vezes secreta....escrevo na balburdia do dia, na calada da noite, no caos da fantasia… fico à espreita da palavra que me espera de maneira suspeita é discreta.
"O poema estará sempre aceso nesse sacerdócio. Estará no cio do silêncio...nos ossos do ofício de ser apenas poeta. O poema é a meta." Geraldo Magela - Poeta


Magela, você conhece o movimento literário curitibano. Muitos reclamam, pois os nomes dos poetas demoram muito até obter reconhecimento. Na sua opinião, quais são os poetas com maior chance de projetar seus trabalhos em nível nacional?

Difícil prever quem terá maior projeção...aqui não há editora de grande alcance… poeta tem arcar com os custos de produção e fazer a própria divulgação... poucos têm reconhecimento em nível nacional... só quando ganham prêmios Jabuti por exemplo… ou ser famoso por outro viés antes da poesia... Só Leminski conseguiu esse feito por causa da trajetória de compositor antes de ser reconhecido. O Paulo foi o poeta de vanguarda… a amizade com outros grandes o fez ser reconhecido.
Curitiba tem um celeiro de bons poetas… aqui se produz a melhor poesia… ainda que timidamente… pena que não ultrapassa as fronteiras de Rio /São Paulo.

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Como você enxerga o trabalho poético neste momento de quarentena?


Acompanho nas redes sociais o trabalho dos poetas... principalmente os academicistas da AVIPAF por exemplo...que tem feito um trabalho de divulgação além fronteiras...a internet corrobora pra que sejamos conhecidos mundo afora......mas com esforço profícuo de entidades literárias.
Se ficar só no livro físico a divulgação fica muito restrita....os concursos, as antologias dão outra dimensão para o autor.
Digo pros novatos.... não pensem em sucesso meteórico...tudo tem seu tempo...
Escrever é ser reconhecido, é como levantar um edifício...tijolo por tijolo....pedra por pedra...se enturmar no meio acadêmico e participar de eventos e divulgar a obra a quatro ventos...desistir nunca....nunca se ache o melhor que o outro.... poderás ser surpreendido....o mundo está cheio de talentos literários.
Depois da pandemia...vai vir uma leva de vulcões adormecidos espargindo lavas poéticas pra todo lado da superfície terrestre.

O poema estará sempre aceso nesse sacerdócio. Estará no cio do silêncio...nos ossos do ofício de ser apenas poeta. O poema é a meta.


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