Você tem razão, Afonso. O diálogo das inteligências constitui um texto de contraposição e confronto de posições epistemológicas. A inteligência artificial opera no plano do empírico, articulando a visibilidade manipulada, conhecida, à invisibilidade do maquinal que aí se manifesta, com o pressuposto de que essa manifestação da inteligência é a força onipotente de um deus. Já a inteligência espiritual opera no plano do transcendental, articulando o que se conhece da materialidade com a invisibilidade do imaterial que atua no vazio. Por isso o espelho em que vemos Deus é uma lâmina que não deixa transparecer imagem alguma. Lao Tse certa vez disse mais ou menos o seguinte: Trinta raios convergem para o eixo, mas é no vazio entre eles que se constitui a essência da roda. Enfim, o plano imaterial da alma, da inteligência espritual, é inacessível ao plano material da inteligência artificial. O domínio de tal inteligência não é absoluto, pois encontra limites no domínio da inteligência espiritual.
Comentário do Professor Edson Nascimento Campos sobre o poema de Afonso Guerra-Baião, publicado no Facebook. Reprodução Autorizadas do poema com imagem e do comentário.