Amo fazer perfis. Me permitem ir mais a fundo em personalidades que julgo fascinantes ou admiráveis, por variados motivos.
O lance é sentar e conversar sem muita pressa. Duas, três horas. Saber ouvir é mais importante do que saber perguntar.
Chegar preparada, claro - há que se fazer uma pesquisa prévia para não chegar "crua", nem demonstrar desrespeito pelo entrevistado, perguntando detalhes óbvios que o repórter tem obrigação de saber.
De preferência, fazer a entrevista em um ambiente escolhido pelo entrevistado, onde ele se sinta confortável.
Deixar rolar aquele clima de bate-papo. Jamais ser desrespeitosa, faltar com a educação, fazer cara feia. Nem para perguntar sobre os assuntos mais cabeludos. Nem que seja um bandido condenado, um psicopata confesso, um político corrupto.
Todo mundo é gente. Todo mundo tem direito de dar a sua versão e contar a sua história, mesmo que seja mentirosa, pelas metades, remendada.
Além do mais, em três horas de conversa, com perguntas inteligentes e bem colocadas, é difícil quem consiga ser finório a ponto de mentir 100%, esconder fatos o tempo todo.
Por fim, lembrar sempre que a estrela, o centro do negócio todo, é o entrevistado, e não o entrevistador.
O ego da gente fica de lado, bem quietinho. Não é hora de se exibir, nem de querer ficar amigo da pessoa a quem se faz perguntas. A intimidade e a confiança proporcionadas por esse momento são profissionais.
Amizade é outra coisa.