Em vídeo publicado nas redes sociais nesta terça-feira (21), a influenciadora Karen Bachini anunciou que é uma pessoa intersexo.
O termo é utilizado para definir pessoas que apresentam diferenças no desenvolvimento sexual tradicional, mas essa condição ainda é pouco conhecida pela população geral.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), cerca de 0,05% a 1,7% da população mundial nasce com características intersexuais. Essas características, porém, podem ser diferentes em cada indivíduo e não tem relação com gênero e sexualidade.
O QUE CARACTERIZA PESSOAS INTERSEXO?
As características do sistema reprodutor - desde a formação da genitália até as gônadas que produzem hormônios femininos ou masculinos - são determinadas pelos cromossomos sexuais.
De maneira geral, pessoas do sexo masculino possuem cromossosmos XY, enquanto o sexo feminino o padrão é XX.
Em pessoas intersexo, ocorrem alterações que modificam o desenvolvimento dos órgãos, e algumas das características do sexo biológico podem não ser tão demarcadas.
"O termo médico para isso é DDS (Diferenças no Desenvolvimento Sexual)", afirma o endocrinologista Júlio Américo, membro da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional São Paulo) e voluntário nos ambulatórios de Transgeneridade e de DDS/Intersexo da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
"Quando essas diferenças causam interferências clínicas ou sociais, muitas pessoas passam a se denominar de intersexo", diz.
DIFERENTES TIPOS
Segundo Américo, existem diferentes tipos de intersexualidade. Existe uma categorização científica, mas "cada caso é um caso".
Em alguns tipos, há alteração na genitália, em outros apenas nos órgãos internos ou na produção hormonal.
Em todos os casos, é recomendado o acompanhamento com profissionais especializados para evitar problemas de fertilidade, desconfortos na vida sexual e riscos ligados à produção hormonal.
COMO É FEITA A IDENTIFICAÇÃO
A identificação de uma pessoa intersexo pelos profissionais da saúde pode ser feita de diversas maneiras, e depende de suas características e problemas apresentados.
Quando há uma genitália atípica, a investigação começa a partir do momento em que o pediatra identifica essa diferença. "Em outros casos, a investigação começa mais tarde, quando há diferenças na puberdade, ausência de menstruação, ou problemas de fertilidade, por exemplo", diz Américo.
IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO MÉDICO
O especialista afirma que o acompanhamento é importante desde a infância para identificar e buscar tratar alterações hormonais que possam trazer prejuízos no futuro.
O acompanhamento precoce pode evitar insatisfações com altura ou riscos de desenvolvimento de tumores em certos tipos de intersexualidade. Porém, "em alguns casos, nenhuma terapia é necessária", afirma.
Américo ressalta que intervenções cirúrgicas são recomendadas quando o paciente está insatisfeito ou quando há problemas de fertilidade. Em crianças, pode-se esperar até que o paciente tenha idade para consentir.
"Normalmente, os maiores problemas vêm da falta de compreensão da sociedade", relata o especialista.