O prefeito Fernando Haddad (PT) sancionou ontem projeto da vereadora Juliana Cardoso (PT) que libera a presença de doulas em maternidades e estabelecimentos de saúde da rede municipal e em hospitais privados, desde que contratados pela Prefeitura. A nova lei proíbe que tais equipamentos obriguem a gestante a escolher entre a doula e seu acompanhante na hora do parto e prevê a oferta de um curso de capacitação pela Prefeitura.
Doula é o termo dado a mulheres que dão suporte físico e emocional a gestantes antes, durante e após o parto, sem a realização de procedimentos médicos. "Costumo dizer que nosso trabalho é da cintura pra cima. A gente paparica, leva para o banho, dá um abraço, um carinho, um copo d'água", explica Fermina Silva Lopes, de 65 anos.
Voluntária na zona leste, Fermina espera que a lei facilite o desempenho da função e, ao mesmo tempo, ajude a reduzir os casos de discriminação contra gestantes pobres, especialmente as mais jovens. "Ainda vamos continuar enfrentando problemas. Ainda vão tentar nos barrar, mas agora teremos a lei debaixo do braço", diz.
Secretário municipal de Saúde, Alexandre Padilha diz que cerca de 25% das mulheres que dão à luz na rede pública relatam algum tipo de violência. "Nós já ampliamos de 60% para 72% o índice de partos realizados com a presença de enfermeiros e obstetrizes. A doula é uma personagem a mais para garantir que o parto seja de fato humanizado", afirma.
Válida para o período de trabalho de parto, parto e pós-parto, bem como nas consultas e exames de pré-natal, a lei deve ajudar a respaldar o serviço. É o que acredita a psicóloga e doula Ana Paula Machado, de 34 anos, que cobra de R$ 150 a R$ 1,5 mil por gestante. "Agora, vou ter mais chamados, acredito, e deixar de ser barrada na porta dos hospitais públicos. Hoje, faço todo o acompanhamento e na hora do parto fico de fora."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.