A Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, revelou que há uma projeção de 4,2 milhões de casos de dengue no país em 2024. O número diverge da estimativa dada no final de 2023, quando a secretaria afirmou que no pior cenário da dengue o país poderia chegar a 5 milhões de casos.
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Segundo os dados pasta, o ano anterior registrou 1,6 milhão de registros prováveis, indicando a possibilidade de quase três vezes mais casos neste ano em relação ao período anterior.
A projeção foi feito pelo InfoDengue da Fiocruz, que tem colaborado com o trabalho do COE (Centro de Operações de Emergência) da dengue. A estimativa anterior, divulgada em dezembro passado, também foi realizada em parceria com a instituição.
"Seria um crescimento muito maior do que nós tivemos o ano passado, mas nós nos preparamos para o pior cenário. Se ele não vier, melhor ainda, mas quando nós temos as pesquisas que indicam que pode acontecer, nós nos preparamos para isso junto com estados e municípios", disse em entrevista coletiva nesta sexta-feira (9).
De acordo com dados da pasta, o Brasil registra um total de 395.103 casos prováveis de dengue, com 53 óbitos confirmados até esta sexta. O Distrito Federal é a unidade da federação com maior coeficiente de incidência de casos de dengue no país.
Segundo a secretária, existem alguns fatores que têm contribuído para o aumento de casos. As altas temperaturas têm ajudado na reprodução do mosquito transmissor da dengue.
Além disso, o país conta com quatro sorotipos da doença circulando ao mesmo tempo e a pasta percebeu um comportamento diferente do mosquito Aedes aegypti, que está picando durante todo o dia.
"A gente estava sem circulação no Brasil há 15 anos de alguns sorotipos no Brasil. Isso faz com que nós tenhamos muitas pessoas, principalmente crianças e adolescentes, que não entraram em contato com esse sorotipos, então é uma preocupação", afirmou.
Ethel disse que a pasta trabalha com prevenção e cuidado. Na sua visão, o ponto central é a redução de óbitos.
O Ministério da Saúde iniciou nesta quinta-feira (8) a distribuição das vacinas contra dengue. Receberão o primeiro lote, com 712 mil doses, os estados de Goiás, Bahia, Acre, Paraíba, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Amazonas, São Paulo e Maranhão, bem como o Distrito Federal.
Inicialmente, a vacina será aplicada em crianças de 10 a 11 anos e, conforme a farmacêutica Takeda entregar novos lotes, o grupo será ampliado. A previsão é vacinar todo esse público até o final de março nos 511 municípios selecionados.
De acordo com a pasta, o Distrito Federal e Goiás já receberam as primeiras remessas da Qdenga e os demais irão receber o imunizante ao longo dos próximos dias.
A capital federal começou a vacinação nesta sexta em crianças de 10 a 11 anos. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, esteve presente em uma unidade de saúde ao lado de membros do governo do DF para dar início a imunização.
"Eu estou aqui porque é um momento histórico, há 40 anos se espera por uma vacina para dengue. Já houve vacina desenvolvida não tão bem sucedida, e agora tem uma vacina incorporada ao SUS [Sistema Único de Saúde]. Mesmo sem epidemia nós começaríamos a vacinação porque a dengue é um problema de saúde pública há muito tempo", disse a ministra, na ocasião.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também instituiu um grupo de trabalho com o objetivo de apresentar recomendações e emitir pareceres quanto ao desenvolvimento de vacinas contra chikungunya, dengue e zika vírus.
O grupo de trabalho será formado por dez especialistas em arboviroses, que darão suporte acadêmico à equipe técnica da agência, auxiliando nas discussões de temas complexos e eventualmente emitindo pareceres de suporte à análise da Anvisa, bem como orientações gerais para apoio aos desenvolvedores.