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Reverter câncer terminal é raro, mas há chance de prolongar a vida, diz médico

Vitor Hugo Batista - Folhapress
01 set 2024 às 00:00

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- Imagem de atlascompany no Freepik
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Receber o diagnóstico de um estágio terminal de câncer pode parecer uma sentença de morte. No entanto, reconhecer essa fase da doença facilita o planejamento adequado e garante um prolongamento de vida mais confortável e menos doloroso nos momentos finais.

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Nessa fase, a expectativa de vida pode ser de meses, semanas ou horas.


"É uma condição em que a doença está em um estágio muito avançado, quando os tratamentos não conseguem mais controlar a progressão e não há mais possibilidade de cura", afirma o oncologista clínico Ricardo Caponero, membro do Comitê de Cuidados Paliativos e Suporte da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica).

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Segundo Caponero, as chances de reversão de um paciente em estágio terminal de câncer são raras, mas é possível adquirir uma sobrevida considerável com os cuidados apropriados.


"A cura é improvável e quase um milagre, principalmente após a tentativa de vários tratamentos. Mas nada é impossível na medicina. Nessa fase, é importante lançar mão de cuidados para amenizar o sofrimento do paciente", diz.

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Caponero afirma que os cuidados paliativos, usados para melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças graves, não se limitam ao tratamento de pacientes em fase terminal de câncer.


"Antes, esses cuidados eram o último passo na jornada do paciente. Isso mudou. Hoje, o ideal é incluir os cuidados paliativos junto ao tratamento oncológico padrão, desde o início, até mesmo em pacientes com alta probabilidade de cura", explica.

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Pesquisadores do Massachusetts General Hospital, em Boston, descobriram que pacientes com câncer de pulmão que receberam cuidados paliativos precoces apresentaram menos quadros de depressão, melhora na qualidade de vida e sobrevida de quase três meses. Os resultados foram publicados em 2010 pelo New England Journal of Medicine.


O QUE SÃO CUIDADOS PALIATIVOS?

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O tratamento paliativo funciona em três frentes de cuidado.


A primeira tem foco no alívio da dor e no controle de sintomas, a segunda é orientada por uma comunicação direta e transparente sobre o quadro e expectativas do paciente. O terceiro pilar é o suporte à família.

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O oncologista Audrey Cabral, coordenador da Comissão de Cuidados Paliativos da SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica), afirma que o tratamento envolve uma abordagem multiprofissional para suporte emocional, físico, social e espiritual.


Enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e capelães (religiosos) fazem parte do processo.


"É um conjunto de práticas que coloca o paciente no centro do cuidado para controle dos sintomas e atendimento de demandas que apenas um profissional não abarca", afirma.


Não é de hoje que esse tratamento é discutido. No Reino Unido, desde 1987, a medicina paliativa é considerada uma especialidade médica.


No Brasil, a área passou a ser reconhecida pelo CFM (Conselho Regional de Medicina) 24 anos depois, em 2011, junto com a medicina do sono e a medicina tropical.


Em maio deste ano, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Cuidados Paliativos, que permite esse tipo de assistência no SUS (Sistema Único de Saúde). O investimento previsto é de R$ 887 milhões por ano.


Os eixos de tratamento incluem a criação de equipes multiprofissionais, a disseminação de informação sobre o assunto e a garantia de acesso a medicamentos necessários para os cuidados.


Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) apresentados pela pasta, 625 mil brasileiros precisam de cuidados paliativos -591.890 adultos e 33.894 crianças.


Segundo Cabral, a nova política beneficia a saúde pública ao promover um tratamento mais humanizado, além de dar mais confiança para que os pacientes sigam os cuidados.


"O paciente deixa de ser apenas um sujeito biológico ou um portador de doença, e passa a ser visto como uma pessoa que requer cuidados abrangentes", diz.


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