A influenciadora Fabiana Justus, 37, emocionou seus milhares de seguidores ao compartilhar nas redes sociais seu diagnóstico de leucemia mieloide aguda. Por conta disso, esse tipo de câncer atingiu o pico de interesse de buscas no Brasil no final de janeiro, segundo o Google Trends. Os dados são compilados desde 2004, ano do início da série histórica da plataforma.
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De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), esse é o tipo mais comum de leucemia em adultos, e a incidência aumenta com a idade.
No seu perfil do Instagram, a filha do empresário Roberto Justus falou sobre a doença e o início da quimioterapia.
"O nome assusta, tudo assusta, mas eu estou nas mãos de um super médico, estou sendo muito bem assistida e as coisas foram muito rápidas, até pela característica da doença e a forma que tem que ser o tratamento. Vim para o pronto-socorro por conta de uma dor nas costas esquisita e febre e não saí mais", comentou Fabiana em um vídeo publicado no dia 25 de janeiro.
"Eu já internei, fiz o exame para entender o que era, coloquei o cateter e comecei a quimioterapia. Sei que não vai ser fácil, mas eu estou muito positiva, confiante, minha família também, meus amigos e, principalmente, meus médicos", emendou a influenciadora.
Por causa da doença, Fabiana precisou parar de amamentar seu filho, Luigi, de seis meses. "Foram cinco meses de amamentação exclusiva... Cinco meses do nosso momento mais delicioso juntos! Mas sei também do privilégio que eu tive de poder amamentar meu bebê... sou grata por isso", escreveu a influenciadora ao falar sobre o dia em que descobriu o diagnóstico.
O médico Sérgio Brasil, coordenador de hematologia do Hospital Santa Paula, da rede Dasa, explica que isso é necessário porque os medicamentos usados na quimioterapia passariam para o leite materno e afetariam o bebê.
Além disso, Fabiana, que também é mãe de gêmeas de cinco anos, ficou 34 dias internada e não podia receber visitas com frequência. No Instagram, ela compartilhou momentos em que seus médicos liberaram encontros com seus filhos, que sempre apareciam de máscaras.
Brasil diz que essa restrição é porque a quimioterapia vai reduzir a imunidade do paciente, deixando-o suscetível a infecções, o que poderia atrapalhar o tratamento contra o câncer.
O médico Eduardo Rêgo, coordenador do Serviço de Leucemias Agudas do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), explica que o ideal é ter apenas um acompanhante ou dois que também se protejam.
No final do mês passado, ela foi liberada do hospital. "Tô indo para casa com o tratamento concluído do jeito que os médico queriam, do jeito que a gente sonhou", disse Fabiana em vídeo publicado nas redes sociais.
O QUE É LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA?
Há quatro principais tipos de leucemia: leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfoide aguda (LLA) e leucemia linfoide crônica (LLC).
A leucemia é um câncer do sangue que se inicia na medula óssea, tecido esponjoso no interior de alguns ossos, onde ocorre a produção das células que circulam no sangue.
Leva o nome de mieloide porque as células doentes se originam na linhagem mieloide, responsável pela formação de glóbulos vermelhos (hemácias que levam oxigênio para todas as células do corpo), plaquetas e a maior parte dos glóbulos brancos (também chamados de leucócitos, são responsáveis por combater infecções).
Além disso, é aguda porque se desenvolve mais rápido e o tratamento deve ser iniciado imediatamente. "Cerca de um mês atrás, provavelmente o paciente estava com os exames normais, sem sintomas significativos. De repente, ela começa a apresentar alguns sintomas e, em 15 dias, descobre que tem uma leucemia aguda", diz Brasil.
Neste tipo de leucemia, a medula óssea produz muitas células sanguíneas anormais que se acumulam pelo corpo.
Os sintomas mais comuns são:
Anemia, por conta da falta de glóbulos vermelhos, que causa cansaço, dificuldades para realizar atividades físicas corriqueiras, palidez e dores de cabeça;
Infecções frequentes, como febre, por conta da perda da função dos glóbulos brancos;
Sangramento pelo nariz ou pela gengiva e hematomas devido à falta de plaquetas.
O tratamento é feito com quimioterapia e normalmente começa pela indução. Nesta etapa, é para que a medula óssea volte a funcionar normalmente, não necessariamente fazer a doença desaparecer. Por isso, se o paciente interromper o tratamento nesta fase, a doença pode retornar, diz Brasil.
A segunda fase é a consolidação que pode ser feita com quimioterapia ou com um transplante de medula óssea. "A escolha entre esses tratamentos depende da mutação genética que causou a leucemia, que é identificada no exame diagnóstico", afirma Brasil.