A situação é delicada. Receber o diagnóstico de um câncer com certeza é uma das piores sensações que alguém pode passar. E neste momento difícil pouca gente se lembra de algo que pode fazer a diferença após a recuperação: preservar a fertilidade.
Com tantas opções de tratamento e o esforço da medicina moderna para buscar alternativas de cura, o diagnóstico de um câncer deixou de ser uma sentença de morte. No caso do câncer de mama, por exemplo, diante de um diagnóstico precoce, cerca de 80% das pacientes com menos de 40 anos conseguem se livrar da doença e recuperar a vida normal. Por isso é tão importante, mesmo diante de preocupações maiores, dedicar uma atenção especial a este assunto, principalmente quem alimenta o desejo de ter filhos.
Em grande parte dos casos de câncer, a probabilidade do paciente perder a fertilidade é de 90%. Segundo a ginecologista especialista em reprodução humana Patrícia Henriques Gomes, isso ocorre devido aos efeitos tóxicos que o tratamento contra a doença acarreta ao organismo. "A quimioterapia, por exemplo, pode levar à destruição das células ovarianas e testiculares, dependendo da droga utilizada, da dose e da duração do tratamento. A radioterapia também pode causar muitos danos e prejudicar a fertilidade do paciente", explica a médica do Centro de Reprodução Humana de Londrina (CRH).
O procedimento de preservação das células reprodutivas na mulher leva em torno de 12 dias e pode ser adotado em pacientes a partir da puberdade. "A mulher é submetida à estimulação ovariana com medicamentos, acompanhada e monitorada com ultrassom seriados, para posterior coleta dos óvulos e congelamento. O homem já é mais rápido, em dois a quatro dias faz várias coletas através da masturbação, e o sêmen fica armazenado", aponta a ginecologista. Todo o processo de congelamento e armazenamento é realizado dentro do CRH.
"Preservar a fertilidade, ou seja, congelar os óvulos, sêmen ou embriões, faz o paciente oncológico realizar seu tratamento do câncer menos preocupado com seu futuro reprodutivo. Ele poderá utilizar, se necessário, seu material congelado para tentar engravidar através da fertilização ‘in vitro’", detalha a especialista.
Responsável pela produção do primeiro bebê de proveta do norte do Paraná, em 1995, e um dos grandes especialistas em reprodução humana do Estado, com mais de 50 anos de atuação, o ginecologista Osmar Henriques acrescenta que os riscos de uma gravidez natural após o tratamento do câncer aumentam muito sem a preservação da fertilidade.
"Às vezes a mulher faz quimioterapia e com seis ou sete meses consegue recuperar em parte a função reprodutiva. Mas o quimioterápico ataca as células, lesa o DNA, e a incidência de má formação fetal e aborto são maiores para estas mulheres. Por um fato ou outro, é aconselhável preservar óvulos e espermatozoides sadios. O tratamento do câncer tem o poder de recuperar o indivíduo, não a fertilidade", sentencia o médico.
A preservação da fertilidade também é indicada para homens que farão a vasectomia e para mulheres que desejam postergar a fertilidade ou tiveram endometriose, doença que pode afetar os ovários. Segundo os médicos, o tratamento de preservação da fertilidade tem valores acessíveis. O Centro de Reprodução Humana de Londrina também realiza outros tipos de tratamento para infertilidade, como o coito programado, indução de ovulação e inseminação artificial.
Serviço
Centro de Reprodução Humana de Londrina
Rua Mato Grosso, 1399 - Vila Ipiranga
(43) 3322-5860 - Londrina–PR