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Tratamento alternativo

Pacientes utilizam toxina botulínica para alívio temporário da dor crônica

Bia Bonduki - Folhapress
08 jan 2024 às 16:52

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- Pexels
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Descoberta no século 19 pelo bacteriologista belga Emile Van Ermangen, o microrganismo Clostridium botulinum, bactéria encontrada em alimentos crus e estragados, foi isolado e a toxina botulínica detectada. 


No mercado estético, seu uso é comumente associado à prevenção de rugas faciais. No entanto, pacientes neuro, oftalmo, endócrino e dermatológicos podem encontrar tratamentos terapêuticos que diminuem dores e corrigem desequilíbrios.

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"O Botox [nome comercial da toxina] é um tratamento que se baseia no bloqueio neuromuscular. Ele inibe a liberação de um neurotransmissor responsável pela contração dos músculos, ou então dos neurotransmissores que carregam informação de dor para o cérebro", dizo neurologista Renan Domingues, que atende casos de enxaquecas crônicas, ou seja, dores de cabeça que duram mais de 15 dias por mês.

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De acordo com Thais Silveira, chefe do setor de oftalmologia pediátrica, estrabismo e visão subnormal do Instituto Carioca de Olhos, no Rio de Janeiro, o primeiro uso terapêutico da toxina botulínica foi na oftalmologia para o tratamento de estrabismo e blefaroespasmo (também conhecido popularmente como tremor involuntário nas pálpebras).


"A toxina botulínica pode ser usada em alguns tipos de estrabismo, em qualquer idade, e ser tanto um tratamento definitivo, principalmente nas paralisias oculares, como um coadjuvante, ou seja, associada a um processo cirúrgico onde é necessário um relaxamento maior da musculatura", afirma.

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Pacientes com bruxismo também encontram alívio com aplicações semestrais em músculos da face e cabeça. Administrado por cirurgiões buco-maxilo faciais, diminui a potência dos músculos da mastigação, e pode ser visto como um tratamento coadjuvante, associado ao uso da placa dentária.


"O bruxismo, na verdade, tem que ser entendido como primário e secundário, onde o primário é uma resposta neurológica do cérebro, e faz com que o paciente tenha esse impulso nervoso sem motivo aparente. Agora, o bruxismo secundário resulta de fatores que vão desencadear o bruxismo", define o mestre e doutor em cirurgia e traumatologia buco-maxilo facial Alexandre Silva, se referindo a problemas como hipertrofia adenóide, comum em crianças, a respostas do corpo a episódios de apneia e refluxo gastroesofágico.

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"Em casos associados ao estresse, além da toxina botulínica e da placa dentária, é interessante buscar métodos de controle, como uma terapia, um ansiolítico ou uma atividade física em paralelo", diz Silva.


A empresária Ana Dias recorreu à aplicação após deixar duas placas de silicone inutilizáveis. "Tentei algumas terapias alternativas para diminuir o apertamento dos dentes -acupuntura, massagem, meditação, usar a língua como obstáculo. O que realmente funcionou para mim foram as injeções musculares aliadas a uma rotina saudável ", afirma.


A neurologista Thais Villas afirma as enxaquecas crônicas são responsáveis por 90% dos casos que levam o paciente a procurar seu consultório para o tratamento e alerta para as contra-indicações.


"Pacientes que tenham doenças musculares, afinal o Botox tem uma ação neurológica na enxaqueca. Esperamos uma ação nos nervos trigêmeos, que são os nervos da cabeça, que na enxaqueca trazem o sintoma de cefaleia. Porém, existem pacientes que têm outras doenças neurológicas de fraqueza muscular, como, por exemplo, a miastenia gravis. A toxina botulínica causa um relaxamento da musculatura, o que não é indicado para pacientes que têm uma musculatura flácida."


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