Londrina - São João do Caiuá (Noroeste) decretou estado de calamidade pública diante do número elevado de notificações de dengue no município. Nos primeiros 23 dias do ano, foram registradas 260 notificações, das quais 37 podem se confirmar como casos positivos, segundo informações da 14ª Regional de Saúde em Paranavaí.
O chefe de gabinete da prefeitura, Arnaldo Gragese, descreveu a situação no município de pouco mais de 6 mil habitantes como "desesperadora". "Estamos decretando estado de calamidade pública. Muitas pessoas estão procurando o hospital municipal com sintomas da doença. Temos tomado atitudes, como a realização de arrastões, e também temos tentado conscientizar sobre os perigos da dengue, mas a população não está acreditando nisso e não tem colaborado", afirmou.
Na última quarta-feira, uma mulher de 66 anos, moradora de São João de Caiuá, morreu na Santa Casa de Paranavaí após ficar 11 dias internada com sintomas da doença. Maria Aparecida Barbosa dos Santos sentiu os primeiros sintomas em sua cidade e procurou o Hospital Municipal. Lá, ela recebeu o diagnóstico de suspeita de dengue hemorrágica e foi medicada, mas seu quadro de saúde se agravou, o que fez com que ela fosse transferida para Paranavaí. Mesmo tendo sido atendida em um hospital de referência na região, sua saúde piorou e, depois de sentir muitas dores na região abdominal, ela foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não conseguiu reagir.
O médico da Seção de Epidemiologia da 14ª Regional de Saúde, Marcelo Campos Silva, disse que o departamento está analisando o prontuário médico e o histórico clínico da paciente juntamente com os profissionais que a atenderam nos dois hospitais para determinar as causas da morte. O diagnóstico definitivo só será dado, acrescentou Silva, mediante análise posterior da Central de Epidemiologia da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), em Curitiba.
"O que nós precisamos averiguar é se a paciente contraiu a dengue e se a dengue foi determinante para o óbito. Uma coisa já sabemos: ela não teve aquilo que chamamos de choque da dengue hemorrágica, que acontece quando a pessoa está com a dengue e o quadro evolui para uma desidratação aguda, a pressão vai lá embaixo, a pessoa sua frio, a pele fica úmida e entra em falência de múltiplos órgãos. Não é esse o quadro", adiantou. "Vamos estudar a sequência de eventos para desenvolver o raciocínio epidemiológico e clínico para checar se a dengue surgiu como algo determinante para a morte", esclareceu.
O médico confirmou que a 14ª Regional de Saúde está em alerta com a infestação do mosquito da dengue nos municípios de sua abrangência, cujas condições climáticas, com altas temperaturas, favorecem a procriação do Aedes aegypti. E aproveitou para cobrar mais conscientização da população e dos gestores municipais. "É função da prefeitura controlar as galerias de águas pluviais. Em São João do Caiuá, o quadro é preocupante porque as galerias estão todas entupidas, criando verdadeiras piscinas subterrâneas", pontuou.
Arnaldo Gragese informou que as áreas mais problemáticas da cidade ficam na Rua Maringá e próximo ao Bosque Municipal. "Ali tem acúmulo de água em copinhos plásticos nos quintais, mesmo com a orientação dos agentes de endemias. Temos entrado nessas casas, retirado os objetos que acumulam água e realizado o fumacê, mas mesmo assim as pessoas não se conscientizam. Vamos realizar a orientação nas escolas e limpar tudo de novo", apontou.
Ele explicou que também está enviando para a Câmara um projeto de lei para punir os proprietários de casas com quintais não adequados, os quais receberiam uma multa que pode variar entre R$ 100 e R$ 600. "Quem não mantiver o quintal limpo, vamos encaminhar para o Ministério Público. Vamos fazer isso casa por casa", garantiu. A prefeitura pretende também dobrar a equipe de agentes de endemias. O quadro passaria de 20 agentes para 40 funcionários até terça-feira.
"A situação está bem diferente em relação ao ano passado. Em 2014 foi uma tranquilidade. Não teve nenhum caso de dengue", afirmou o chefe de gabinete. Ele orienta as pessoas que sentirem os sintomas a procurar imediatamente o Hospital Municipal ou as unidades básicas de saúde. "Nesses postos temos equipes de médicos para orientar adequadamente e, se for constatado que os casos são graves, eles podem encaminhar para o hospital", justificou. No último dia 16, foi descartada a hipótese de que Bianca Gonzales Moreira, de 12 anos, de São Carlos do Ivaí (também Noroeste), tenha morrido de dengue. (Colaborou Diego Prazeres).