O ministro da Saúde Marcelo Queiroga criticou nesta sexta (8) a obrigatoriedade no uso das máscaras para combater a transmissão do novo coronavírus. Em evento no Piauí, Queiroga, que é médico, afirmou considerar ineficazes as leis que obrigam o uso do equipamentos de proteção.
"Tem que acabar com essa narrativa. O nosso problema não é máscara. A gente tem é que desmascarar determinadas pessoas aí, que ficam com narrativas que não se sustentam", disse o ministro.
Leia mais:
Ministério da Saúde e Anvisa fazem campanha contra Mpox em portos e aeroportos
Após vaivém, Saúde recusa oferta de vacina atualizada da Covid por falta de registro da Anvisa
Homem viciado em refrigerante diz que ficou dez anos sem beber água
Plataforma dá mapa para acesso ao aborto em casos de feto incompatível com a vida
Em seguida, para justificar o seu ponto de vista, Queiroga fez uma comparação do uso de máscara com o de preservativos.
"Preservativos diminuem doenças sexualmente transmissíveis, mas vou fazer uma lei para obrigar as pessoas a usá-los? Imagina."
Não é a primeira vez que o ministro se diz contrário à obrigatoriedade do uso das máscaras. Durante entrevista em agosto ao Terça Livre, canal bolsonarista investigado por disseminar fake news, ele afirmou não concordar com a legislação que obriga o uso da proteção.
"O Brasil tem muitas leis e as pessoas, infelizmente, não observam. O uso de máscaras tem de ser um ato de conscientização."
Especialistas, no entanto, afirmam que a obrigatoriedade do uso das máscaras é essencial para conter a transmissão do coronavírus. Uma pesquisa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA expôs 139 pessoas a dois cabeleireiros infectados pela coronavírus. Todas os participantes da pesquisa usaram máscara. Como resultado, nenhuma delas contraiu o vírus.
Apesar dos benefícios do uso da máscara, o governo Bolsonaro tenta desestimular o uso da peça. Em junho, o mandatário disse que Queiroga preparava um parecer para desobrigar o uso de máscara por quem já foi vacinado contra a Covid ou quem já se infectou com o vírus.
No entanto, mesmo pessoas vacinadas ou que já tenham sido infectadas podem transmitir o Sars-CoV-2.
Além de criticar a obrigatoriedade no uso de máscaras, Bolsonaro também já investiu contra as medidas de isolamento social. Em maio, ele acionou o Supremo para derrubar as medidas restritivas adotadas no Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraná. O ministro Barroso, porém, negou o pedido, argumentando que os estados e munícipios têm a prerrogativa para adotar as determinações.