O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (16) que a entrega de 7 milhões de doses de vacinas da Pfizer contra a Covid-19 será antecipada.
Com a mudança, a nova previsão é de receber 15 milhões de doses da farmacêutica em julho. Antes, o cronograma apontava o recebimento de 8 milhões de doses no próximo mês.
Procurada, a Pfizer confirmou a informação divulgada pelo governo e disse que o volume fazia parte das entregas que estavam programadas para o terceiro trimestre, como agosto e setembro.
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O pedido para antecipar as entregas havia sido feito pelo governo em reunião com a empresa na segunda-feira (14).
Depois de ignorar emails em série da Pfizer nos últimos meses, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou de encontro com a presidente da Pfizer Brasil, Marta Diéz, e o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo. A reunião foi acompanhada pelos ministros Marcelo Queiroga (Saúde), Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil) e Carlos Alberto França (Relações Exteriores).
Na ocasião, segundo membros do Ministério da Saúde e outros participantes da reunião ouvidos pela Folha de S.Paulo,
Bolsonaro pediu que a farmacêutica antecipasse para julho o maior número possível de doses. A empresa, porém, ainda não tinha dado uma definição.
A participação de Bolsonaro e o pedido para que as doses chegassem antes ao Brasil ocorreram um dia depois de o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu adversário político, anunciar a antecipação em 30 dias de todo o cronograma de vacinação contra a Covid-19 no estado de São Paulo.
O governo tem dois contratos com a Pfizer que envolvem, juntos, 200 milhões de doses. O primeiro contrato foi fechado em março, e o segundo em maio.
A previsão é que as entregas, que começaram em abril, sigam até dezembro deste ano.
As negociações do governo com a Pfizer são um dos focos da CPI da Covid no Senado. Em maio, Murillo detalhou em depoimento na CPI da Covid que a empresa chegou a fazer ao menos cinco ofertas ao governo para entrega de vacinas -algumas com previsão de entrega ainda em dezembro de 2020.
Segundo dados divulgados pelo vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ao menos 81 correspondências foram enviadas pela Pfizer ao governo federal entre março de 2020 e abril deste ano. Destas, cerca de 90% não tiveram resposta da administração Bolsonaro, aponta.
Questionado na CPI, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco argumentou que algumas correspondências citadas pelo senador eram respostas de demandas da pasta e que a empresa também mandava emails repetidos.
Mensagens entregues pela Pfizer à CPI da Covid em caráter sigiloso, no entanto, mostram a insistência da farmacêutica para negociar vacinas com o governo e a ausência de respostas conclusivas do Ministério da Saúde à época.