Gabriela Curan, enfermeira formada pela UEM (Universidade Estadual de Maringá), desenvolve em seu projeto de doutorado na UEL (Universidade Estadual de Londrina) o Amamenta Coach, aplicativo que auxilia mães na jornada de amamentação de bebês prematuros, que é mais uma dificuldade enfrentada nessas situações.
A enfermeira diz que o aplicativo surgiu de uma necessidade percebida no dia-a-dia da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal, em que os profissionais não conseguem prestar todo o apoio necessário às mães por causa das demandas com os recém-nascidos. O Amamenta Coach foi criado como suporte extra para essa jornada.
"A gente percebe como que essas mães e esses bebês têm uma dificuldade maior em estabelecer e manter amamentação e por outro lado são esses bebês os que mais precisam desse leite", conta.
Leia mais:
Estados brasileiros registram falta ou abastecimento irregular de, ao menos, 12 tipos de vacinas
Saúde do homem é tema de live com médicos londrinenses em novembro
Diabetes atinge mais de 36 mil londrinenses
Atendimento a dependentes de apostas cresce sete vezes no SUS, com alta entre mulheres
O aplicativo, ainda em fase de testes, funciona como um diário de amamentação personalizado. Nele, as mães colocam dados do nascimento do bebê, como data e idade gestacional. O Amamenta Coach traz um conteúdo relacionado à idade e fase atual do recém-nascido. No aplicativo, a mãe anota também dados ligados à rotina da amamentação, mas não só isso. A enfermeira conta que um dos pontos principais de seu projeto é a humanização.
Após o parto, a mulher passa pelo puerpério, um período de instabilidade hormonal que afeta a sua saúde emocional. Durante o desenvolvimento do Amamenta Coach, Gabriela Curan participou de uma formação em Psicologia Positiva oferecida pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e assim, juntamente à equipe formada por voluntários da área de tecnologia e saúde, incluiu feedbacks, notificações, textos, vídeos e playlists para a motivação da mulher que amamenta.
"É muito difícil você estar preocupada com a sobrevivência do seu filho e ter que manter a lactação. É antinatural, porque é lactação tem muito a ver com o estado emocional da mãe, então quanto mais estressada, mais triste, mais preocupada... menos leite ela vai produzir. Existe uma pressão muito grande para que ela produza leite. Então nós tentamos abraçar essa mãe com o aplicativo pelos dois lados. Com o conteúdo instrucional, mais técnico e com a parte de engajamento, de suporte emocional também", pontua a enfermeira.
A desenvolvedora ressalta a importância do acesso à informação pois, segundo ela, a amamentação de um prematuro não é puramente técnica. Existe a espera pela maturidade, pela sucção e produção maior do leite. A proposta do Amamenta Coach é abraçar as mães também nesse período.
O aplicativo ainda não foi aberto ao público geral, mas Curan frisa que existem planos de abertura nacional para ampliar o estudo. Além disso, a versão em inglês também está em desenvolvimento em parceria com um grupo de pesquisa na área materno-infantil da Universidade de Toronto, no Canadá.
Prematuridade
Na classificação da prematuridade, a médica pediatra de Londrina, Lorena Arakawa, explica que existem os bebês pré-termos tardios e extremos. A definição é feita com base no número de semanas da gestação. Considerando o tempo normal de gravidez sendo de 40 a 41 semanas, os nascimentos ocorridos antes das 37 semanas são nascimentos prematuros. Portanto, são prematuros extremos os nascidos antes das 28 semanas e os tardios, a partir da 34ª. Já os bebês nascidos no intervalo das duas classificações possuem comportamentos imprevísiveis - podem ser considerados como tardios, ou como extremos, detalha Arakawa.
Segundo a pesquisa Nascer no Brasil, 11,5% dos nascimentos no país acontecem antes das 37 semanas completas, ou seja, prematuros.
*Sob supervisão de Larissa Ayumi Sato.