Os jardins Santiago, em Londrina, e o Silvino, em Cambé, são os bairros com mais casos confirmados de dengue nos dois municípios. Do começo do ano até dia 12 deste mês foram registradas 227 ocorrências positivas no Santiago, bairro da zona oeste com 18.565 habitantes.
Isso equivale a 1.222 casos a cada 100 mil habitantes. Para comparar, o índice semelhante de Londrina é de 328. Já no Silvino são 95 casos em um bairro com 9.916 moradores, um índice de 958,04/100 mil habitantes. No caso do bairro cambeense, a quantidade de casos equivale a 36,3% do total registrado no município. O índice de casos por 100 mil habitantes de Cambé é de 295.
Não é difícil entender as causas da grande quantidade de dengue nas duas localidades. A reportagem percorreu os dois bairros e encontrou muitos moradores despreocupados com a limpeza e, consequentemente, eliminação de possíveis criadouros do mosquito transmissor, Aedes aegypti.
Na casa de um deles, no Jardim Santiago, a reportagem encontrou abandonados no quintal objetos como latas de cerveja, máquina de lavar roupa quebrada e garrafas PET. O mecânico Joceir Aparecido Ribeiro, de 43 anos, morador do imóvel, garantiu que limparia a sujeira rapidamente e reportou que os agentes de Endemias não encontraram nenhum foco de mosquito quando passaram por lá. "Está tudo sequinho", afirmou. Porém, segundo uma agente que circula pela região, os problemas naquele imóvel são recorrentes.
O que tranquiliza é que existem moradores que cumprem o seu papel, como a dona de casa Maria Cartoni Santi, de 84 anos, que cuida bem de seu quintal. "Eu olho tudo. Não deixo pratos debaixo dos vasos, uso sempre palha de aço para limpar a vasilha de água dos cachorros. O que não quero para mim não quero para os outros", apontou.
Outra moradora do Santiago, Zuleide Aparecida Azoni, de 67, relatou que já contraiu dengue. "Foi culpa minha. Eu tinha uma mangueira no quintal, as folhas se acumularam no telhado e a água ficou represada ali."
A educadora em Endemias da Secretaria Municipal de Saúde, Lucimara Vasconcelos, informou que um trabalho de conscientização será realizada no no dia 9 de maio.
"Faremos uma ação no semáforo, com panfletagem, e os alunos vão percorrer casas próximas para orientar sobre essa questão do Aedes aegypti." A atividade será realizada em parceria com o Centro de Formação Cidadã, Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro e com o Projeto Viva Vida.
A gerente de Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde, Diana Martins, informou que outros bairros com alto número de casos confirmados são os jardins Alvorada (160 casos) e do Sol (132 casos), ambos na zona oeste; e o Parque das Indústrias Pesadas (zona sul), com 119 confirmações.
Diana explicou que nesses bairros são realizadas ações de rotina, como visitas domiciliares diárias e fiscalização e eliminação de criadouros. "O que a população precisa se conscientizar é de que não é o fumacê que resolve o problema de infestação de mosquitos, mas a eliminação de criadouros. Os ovos que os mosquitos depositam hoje podem eclodir muito tempo depois. Nos bairros mais problemáticos existem muitos idosos com muitas plantas e animais. Muitos deles não dão conta de cuidar de tudo", observou.
Em Londrina, desde o início do ano, foram registradas 9.252 notificações com suspeitas de dengue. Destas, 2.507 casos foram confirmados e 2.277 descartados.
Outros 4.468 pacientes aguardam os resultados dos exames laboratoriais.
Segundo Diana, também falta conscientização da população em relação ao lixo, que não é acondicionado adequadamente. Ela orienta as pessoas de Londrina a denunciarem a presença de mosquitos e/ou de recipientes com água parada pelo Disque Dengue, cujo telefone é 0800-4001893.