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Índios têm atenção diferenciada na gestação e partos

29 jul 2014 às 17:07

Apresentar a forma como os Munduruku vivenciam a gestação, o parto e o pós-parto em tempos em que se procura valorizar, reconhecer e respeitar a diversidade étnica e cultural dos povos indígenas no Brasil e a necessidade de minimizar os processos de medicalização da saúde indígena sem abrir mão do direito de cidadania de acesso aos serviços de saúde biomédicos.

Essa foi a motivação da pesquisadora da Fiocruz Amazonas, Raquel Paiva Dias-Scopel, para realizar um estudo que resultou na sua tese de doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).


Na tese A cosmopolítica da gestação, parto e pós-parto: Práticas de autoatenção e processo de medicalização entre os índios Munduruku*, Raquel apresenta uma etnografia das práticas de autoatenção relativas à gestação, ao parto e ao pós-parto entre os índios Munduruku da Terra Indígena Kwatá-Laranjal, Borba, Amazonas, Brasil, feita a partir da abordagem da antropologia da saúde.


Com o estudo, observou-se que as mulheres Munduruku têm articulado as práticas biomédicas (modelo médico oficial) com as práticas indígenas de atenção à saúde, apesar das diferenças radicais entre elas.


"Elas têm participado do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher, por meio das consultas de acompanhamento pré-natal, ao mesmo tempo em que consultam parteiras, pajés e as mulheres mais velhas da família extensa para "pegar barriga", "puxar a mãe do corpo", fazer "banhos", além de seguirem uma dieta alimentar e cumprirem um conjunto de prescrições e proibições acerca das atividades diárias de trabalho e de lazer", explicou.


Dentre os Munduruku a biomedicina é um recurso de atenção à saúde com o qual pretendem contar e prevenir, solucionar, minimizar ou tratar questões relativas às enfermidades.

No nível das práticas de autoatenção à saúde, verificou-se que as populações indígenas têm articulado os diferentes saberes (modelo médico e indígena) na tentativa de aumentar a qualidade de vida da população local, apesar da crescente expansão da medicalização do parto entre os indígenas no Brasil, demonstrando a potencialidade dos saberes locais nos processos de saúde/doença/atenção.


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