Os hospitais psiquiátricos do Paraná estão prestes a reduzir o número de leitos do SUS (Sistema Único de Saúde) e alguns até a fechar as portas. A situação na qual se encontram estas instituições foi apresentada nesta qunita-feira (26) durante a reunião do Conselho Estadual de Saúde.
A principal reivindicação é para que o governo estadual suplemente o valor das diárias, como já acontece com a Prefeitura de Curitiba para quatro hospitais. Caso isso não aconteça, pode ser acelerada a desativação dos leitos que ainda restam ao SUS. Os nove hospitais do interior destinam cerca de 1,6 mil leitos ao SUS, recebendo uma diária de R$ 28,68. Um estudo realizado pela Federação Brasileira de Hospitais (Fehospar) apontou a necessidade de R$ 78,29 para custear o serviço.
Os nove hospitais do interior, que acumulam prejuízos de cerca de R$ 9 milhões por ano, reivindicam do governo do Estado a complementação do valor para que a diária chegue a R$ 50.
A diretora de Psiquiatria da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Fehospar), Maria Emília Parisoto de Mendonça, disse que, no interior, cada hospital atende de três a cinco regionais de saúde. ''Há pacientes de Paranavaí que vão para Piraquara porque não há leitos'', afirmou. Segundo ela, os hospitais vêm arcando com os custos há mais de seis anos.
Ela destacou que o Hospital Adalto Botelho (em Piraquara) é o único público do Estado e tem 240 leitos. O Hospital Filadélfia, de Marechal Cândido Rondon, em março, informa Maria Emília, reduziu de 240 para 120 os leitos para o sistema público e acena com o descredenciamento total a partir de junho. Maria Emília alerta que outros hospitais do Estado correm o risco de falir. De acordo com ela, até agora, o governo do Estado não apresentou nenhuma solução para as reivindicações.
De acordo com levantamento da Fehospar, o Paraná chegou a ter 6 mil leitos destinados ao SUS na área de psiquiatria antes de 2002. Hoje são 2.100 incluindo os 400 da Capital. Segundo a Federação, seriam necessários 10.261 leitos no Estado pelos critérios da Organização Mundial de Saúde. Desde a implantação Plano Real em 1994, o reajuste dos serviços foi de 54%, quase um terço da inflação acumulada no período. Os hospitais farão protesto nos dias 2 e 3 de maio.
A Secretaria de Estado da Saúde informou que os pedidos da Fehospar serão o encaminhados à Câmara Técnica do Conselho Estadual de Saúde já que informações repassadas pela Federação não estão em conformidade com os dados da Secretaria de Saúde. Sobre as diárias hospitalares, a Secretaria de Saúde informa que os pagamentos são feitos pelo Ministério da Saúde. Em 2006, a Secretaria ofereceu suplementação de diárias para aqueles hospitais que atendessem à clientela de adolescentes, conforme necessidade do sistema, mas nenhum serviço respondeu à oferta do Estado.