Insatisfeitos com os constantes atrasos no pagamento de salários e benefícios, os cerca de 210 funcionários da Santa Casa de Cambé decidiram nesta semana que entram em estado de greve a partir da 0h da próxima sexta-feira (25).
A paralisação não tem data para terminar e não afeta os pacientes que já estão internados, uma vez que será feita uma escala de revezamento para garantir a presença de 30% do quadro em cada período. Novos internamentos não serão feitos no período de greve, mesmo que sejam de urgência, informou o presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Londrina e Região (SinSaúde), Júlio César Muniz Aranda. Desta forma, o pronto-socorro não funcionará a partir da data.
"É uma instituição falida, que deve na praça mais que o seu patrimônio. Assim não dá pra continuar", afirma Aranda. Segundo ele, todos os meses o pagamento do salário dos funcionários atrasa. Muitos profissionais já deixaram o hospital por conta da instabilidade. Férias e depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) também estão em falta.
Até esta terça-feira (22), a remuneração de setembro, que deveria ter sido depositada no dia 5, ainda não havia chegado aos trabalhadores.
Mercês Peixoto, interventora da Santa Casa apontada pelo Ministério Público há um ano, informou que só foram pagos os valores referentes aos vales de refeição e transporte. De acordo com ela, o Governo do Estado deve fazer um aporte emergencial até a sexta-feira para quitar o atraso dos salários. O valor não foi informado. Mercês acredita que o pagamento pode evitar a greve. "A gente está lutando, mas demora muito. O hospital vem de um histórico ruim na administração, mas mantemos um canal aberto com a prefeitura e com o Estado neste período de intervenção para melhorar a situação", explica.
Com cerca de 210 funcionários e 30 médicos que prestam serviço à instituição, a Santa Casa de Cambé realiza por volta de 80% dos seus atendimentos pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. Tanto Aranda quanto Mercês concordam que o repasse federal é insuficiente para cobrir as despesas mensais da entidade.
"Além de tentar o apoio dos governos, enxugar despesas e fazer economias em diversos setores, estamos buscando formas de aumentar os serviços oferecidos, o que pode incrementar a receita do hospital", aponta Mercês. Segundo ela, neste ano de intervenção pautado pelo corte de despesas, a qualidade do atendimento do hospital não foi prejudicada. "A disposição da escala de plantões melhorou e o número de reclamações vindas da população diminuiu", defende.
Para Aranda, além do quitamento das remunerações atrasadas, os funcionários da Santa Casa querem uma posição da administração em relação ao financiamento do hospital. "O repasse do SUS não é suficiente, então a situação financeira só piora a cada mês. Desse jeito, queremos uma posição clara sobre a situação, se fecha ou não e, se fechar, como ficarão os funcionários."