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Ficaremos muito tempo com a Covid, aponta ex-presidente da Fiocruz

Catia Seabra - Folhapress
02 fev 2021 às 10:39

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- iStock
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Ex-presidente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e hoje assessor científico sênior de Bio-Manguinhos, o médico veterinário Akira Homma afirma que o brasileiro vai conviver por muito tempo com a Covid-19.


Segundo ele, há uma escassez enorme de vacinas, sendo alvo de disputas em todo o mundo.

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A Fiocruz ainda espera a chegada do IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) para produção de 100,4 milhões doses de vacina Oxford/AstraZeneca.

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Mas o cronograma original, de recebimento do insumo até dezembro de 2020 para imunização da população até o fim deste ano, já atrasou.

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"Vamos ficar com a Covid por muito tempo. Por mais que venha a vacina, um dos instrumentos mais importantes para combate à Covid, temos que atingir alta cobertura nacional. E temos uma falta enorme de vacinas. Todo mundo está disputando vacina", afirma o pesquisador.


Aos 82 anos, 53 deles dedicados à Fiocruz, Homma diz que nunca testemunhou tanta resistência à vacinação como nos dias de hoje.

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O pesquisador alerta para o risco de o país não alcançar a chamada imunidade de rebanho -com formação de barreiras contra a doença- caso 20% da população se recusem a ser vacinados.


Pesquisa Datafolha, divulgada sábado (23), aponta que 79% dos brasileiros pretendem ser vacinados.

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"Se esse grupo [dos negacionistas] chegar a 20%, será prejudicada a formação de proteção de rebanho", adverte.


Homma afirma que, assim como os países desenvolvidos, o Brasil assumiu um risco ao pagar pelas vacinas Oxford/AstraZeneca antes de concluídos seus estudos clínicos.
E diz que o país estaria no fim da fila se não tivesse fechado o acordo. Ele ressalta que a Fiocruz assinou o contrato para compra do insumo antes de o Butantan fechar negócio para produção da Coronavac no Brasil.

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"Foi um contrato de risco, assinado antes de a vacina ficar pronta. No processo, a vacina atrasou. O Butantan nem tinha fechado o contrato", afirma.


Segundo ele, o desenvolvimento da vacina Oxford/AstraZeneca estava avançado à época da assinatura do contrato. Mas houve percalços.

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"Existe muita discussão dizendo que o Brasil está atrás. Mas já estivemos à frente".


Na direção de Bio-Manguinhos desde 1976, o pesquisador explica que o Brasil optou por encomendar os componentes produzidos por laboratório chinês porque os americanos estavam retendo a vacina para consumo nos Estados Unidos.

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"Os americanos estavam sequestrando a vacina, não era estrategicamente seguro negociar com laboratórios americanos".


Sobre a possibilidade de embaraços diplomáticos prejudicarem o programa de imunização, Homma afirma que a questão política foge ao alcance da Fiocruz. "Se houver problemas políticos, estaremos muito mal."


O acordo fechado com a AstraZeneca prevê a chegada de 14 lotes de 7,5 milhões de doses, com intervalo de duas semanas entre cada remessa.

Para janeiro, a previsão era de recebimento de dois lotes, suficientes para a produção de 15 milhões de doses.


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