O estudo liderado pelo Instituto de Engenharia Celular da Universidade Johns Hopkins é o segundo divulgado esta semana a reforçar o vínculo biológico entre o vírus transmitido por mosquito e o aumento drástico de casos de microcefalia observado no Brasil. O estudo revela ainda que o vírus zika presente na América Latina é capaz de atacar e destruir células do cérebro humano.
Na demonstração os cientistas descobriram que o vírus o vírus infecta um tipo de célula-tronco neural que dá origem ao córtex cerebral. Em laboratório, ficou comprovado que o vírus é capaz de se reproduzir dentro dessas células, resultando na morte delas ou na interrupção de seu crescimento.
"Este é o primeiro passo e há muito mais que precisa ser feito", disse o neurocientista Hongjun Song, um dos líderes do estudo. "O que mostramos é que o vírus da zika infecta células neuronais in vitro que são homólogas às que formam o córtex durante o desenvolvimento do cérebro humano"
Brasil também divulga estudos
Na última quarta-feira (2), um estudo havia sido divulgado e demonstra que o vírus da zika ataca neurônios em estágio de desenvolvimento.
A conclusão saiu de um experimento em que cientistas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e do Instituto D'Or criaram neuroesferas -- também conhecidas como "minicérebros" -- pequenas estruturas de neurônios criadas em suspensão em tubos de ensaio.
Neuroesferas são criadas a partir de células da pele de humanos adultos, que são reprogramadas para regredir a um estágio similar a células embrionárias e então recapitular o desenvolvimento humano.
Ao infectar essas estruturas com o vírus da zika, um grupo liderado pelo biólogo Stevens Rehen observou que o patógeno afeta a formação dos minicérebros.
"Nós mostramos que o ZIKV [vírus da zika] ataca células cerebrais humanas, reduzindo sua viabilidade e o crescimento de neurosferas", escreveram os autores em um estudo divulgado nesta quarta-feira (3). "Esses resultados sugerem que o ZIKV impede a neurogênese [formação de neurônios] durante o desenvolvimento cerebral humano."
O estudo do grupo de Rehen foi publicado na revista científica PeerJ, ainda sem passar por um processo de revisão por um grupo independente -- praxe no meio acadêmico.
(com informações do site G1)