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Escoliose: diagnóstico precoce é fundamental

29 nov 2017 às 17:57

A escoliose é uma deformidade da coluna vertebral, que pode acometer indivíduos em várias fases da vida. Quem não se lembra da imagem do Corcunda de Notre Dame? Aquele personagem demonstra o que seria uma pessoa com uma grave escoliose sem tratamento. Claro que nos dias atuais a ortopedia oferece tratamento adequado para os pacientes com escoliose não atingirem tamanha deformidade na coluna. Em resumo, a escoliose é uma deformidade que causa angulação lateral na coluna, associada, na maioria das vezes, com rotação das vértebras. Isso muda o alinhamento da coluna visto de frente e visto de lado. Por isso, dizemos que é uma deformidade tridimensional. A silhueta do corpo fica assimétrica, um lado mais alto do que o outro, um ombro mais alto do que o outro, entre outras coisas.

A escoliose é primariamente uma doença adquirida nas duas primeiras décadas de vida. Ou seja, população pediátrica e adolescente. Por isso, a maior parte das dúvidas vem dos pais desses pacientes: "Será que meu filho nasceu com algum defeito? Será que a culpa é da postura? A mochila da escola é que causou isso?".


Segundo o ortopedista Gabriel Gomes Freitas de Castro, especialista em cirurgia da coluna vertebral do Instituto da Coluna e Dor de Londrina, a maioria das escolioses não está associada a nenhuma doença no corpo. "É simplesmente um acontecimento aleatório na população. Ninguém tem mais chances de ter escoliose porque seus pais tiveram, ou seus avós. Não existe um gene conhecido que está associado à escoliose. E também não existe um comportamento que aumente o risco de ter escoliose. Nunca foi provado que mochilas pesadas ou postura ruim estão associadas à escoliose", afirmou.


Embora a maioria das escolioses não tem causa conhecida, algumas delas estão, sim, associadas a outros problemas de acordo com o médico. "Esses problemas podem ser do sistema nervoso, malformações congênitas, doenças metabólicas, entre outras. Cabe ao médico examinar o histórico de vida e procurar por sinais clínicos que direcionem a essa conclusão. Neste caso, é bem provável que a escoliose se manifeste antes dos 10 anos de idade", explicou.


O tipo mais comum de escoliose é chamado de escoliose idiopática do adolescente. Isso significa que essa escoliose não está associada a outras doenças e ela se iniciou após os 10 anos de idade. Apesar de não ter causa conhecida, existem teorias que tentam explicar sua origem. Durante o estirão de crescimento da puberdade, um defeito cartilaginoso das vértebras levaria um maior crescimento na parte da frente da coluna, e esse desequilíbrio no crescimento da coluna é que resultaria na formação da escoliose. É uma pena que essas teorias ainda não encontrem um suporte na prática clínica, porque nada pode ser feito para prever ou impedir que a escoliose surja num adolescente.


O ortopedista César Daniel Macedo, também especialista em cirurgia da coluna vertebral do Instituto da Coluna e Dor de Londrina, o diagnóstico precoce de escoliose é extremamente importante. "Em países desenvolvidos, existem programas de rastreio em escolas primárias, durante as aulas de educação física. Nesse ambiente, os alunos vestem roupas mais leves e que deixam os ombros à mostra.


Os professores de educação física são orientados a observar diferenças na simetria do tronco e dos ombros e, caso necessário, direcionam aquele aluno para um atendimento ortopédico. Na nossa comunidade, a orientação mais adequada é para que os pais fiquem atentos ao alinhamento do corpo de seus filhos. Geralmente, o início da puberdade é também o início da escoliose. E é justamente nessa fase da vida que os jovens ficam com mais vergonha de seus pais, em relação aos seus corpos. Por isso, alguns pais não notam a escoliose nos meses iniciais, porque quase não veem seus filhos com poucas roupas", orientou.


Para os médicos ortopedistas de um modo geral, diagnosticar escoliose é relativamente fácil. "Examinar o corpo e utilizar uma radiografia já são métodos mais que suficientes para isso. Por definição, só chamamos de escoliose aquelas curvas que ultrapassam 10° de inclinação lateral. Uma pequena inclinação lateral não é doença, é normal. É muito difícil um ser humano ter uma coluna totalmente reta vista de frente", reforça o Dr. César.


A preocupação em torno do tratamento da escoliose do adolescente se baseia em uma única coisa: progressão. É isso o que mais preocupa os ortopedistas. "As escolioses que não progridem ao longo da adolescência não são preocupantes. Felizmente, a maioria das escolioses se estabiliza com o passar dos anos, e os pacientes podem conviver em paz com aquelas curvas. Uma coluna com escoliose de poucos graus funciona normalmente, igual a uma coluna sem escoliose. Não há dor, não há limitação, e nestes casos, não há motivos para se preocupar em reduzir os graus da escoliose", afirma.


No entanto, quando o paciente tem uma escoliose de grande valor, ou quando a velocidade de progressão é preocupante, o médico deve prescrever órtese (colete) para interromper a progressão. "Não dá para dizer que o colete cura a escoliose, nem reduz o seu valor. Esse tratamento é árduo, nem todos os adolescentes toleram. Mas, em alguns casos, é o que mantém a escoliose estável até que o período de crescimento da adolescência acabe", complementou Dr. Gabriel.


E, segundo eles, existem ainda os casos de escoliose que progridem a níveis muito altos, e que nem o colete pode segurar a curva. Esses seletos casos de escoliose progressiva são direcionados para tratamento com cirurgia. Aliás, estes são os únicos casos em que se consegue reduzir a curva da escoliose. Reduzir e estabilizar, esses são os objetivos da cirurgia de escoliose. Graças aos avanços das técnicas operatórias e dos implantes ortopédicos, o sucesso das cirurgias e a satisfação dos pacientes são muito altos com a cirurgia. A segurança da cirurgia melhorou muito nos últimos 15 anos, e o tempo de retorno às atividades escolares é realmente muito rápido.

Serviço
Instituto da Coluna e Dor
Rua Tomás Antônio Gonzaga, 54 - Lago Parque
(43) 3026-3030 - Londrina-PR


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