Com mais de 180 milhões de usuários em todo o globo, a cannabis é considerada a droga ilícita mais usada no mundo. Porém, de acordo com o novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda há menos conhecimento sobre seus efeitos sociais e na saúde do que em relação ao álcool e ao tabaco.
A estimativa da OMS é de que exista 181,8 milhões de usuários de cannabis em suas preparações mais comuns, como maconha e haxixe com idade entre 15 e 64 anos no mundo.
Apenas na Europa 11,7% dos jovens, com idade entre 15 e 34 anos, usaram a substância no ano passado, já entre o grupo com 15 a 24 anos o percentual sobe para 15,2%. Do total de usuários globais, estima-se que 13,1 milhões sejam dependentes.
No Brasil, a estimativa da agência é que 2,5% na população adulta usou cannabis nos últimos 12 meses, percentual que sobe para 3,5% entre os adolescentes taxa semelhante a de outros países da América Latina.
Em seu primeiro relatório sobre o tema em 20 anos, a OMS disse haver menos conhecimento disponível sobre os efeitos sociais e na saúde do uso não médico da cannabis do que o existente em relação ao álcool e ao tabaco.
O que se sabe
Segundo a OMS, usuários regulares de cannabis têm maior risco de desenvolver dependência da droga, sendo que esse risco é de 1 em 10 entre aqueles que nunca usaram, de 1 em 6 entre adolescentes e de 1 em 3 entre usuários diários.
"O uso regular da cannabis durante a adolescência (14 a 16 anos) está associado a consequências mais severas e persistentes do que seu uso durante a vida adulta", disse o texto.
De acordo com o relatório, as taxas de dependência da cannabis também são maiores entre indivíduos que reportaram problemas psiquiátricos durante a vida, como hiperatividade, desordens de humor, de ansiedade e de personalidade.
O estudo indicou que houve um forte aumento da concentração do composto químico tetraidrocanabinol (THC) nas preparações de cannabis na última década. Nos Estados Unidos, a concentração de THC passou de menos de 2% nos anos 1980 para 8,8% em 2008, diante de avanços nos métodos de cultivo indoor da planta.
Entre os efeitos de curto prazo, o relatório disse que há alguma evidência na comunidade científica mundial de que o uso de cannabis pode causar problemas coronários. Além disso, a associação entre cannabis e a piora de doenças como psicose e esquizofrenia tem sido reconhecida nas últimas duas décadas.
O relatório afirmou ainda que o uso diário de cannabis durante anos e décadas parece produzir perdas persistentes de memória e cognição, especialmente quando seu uso começa na adolescência.
No entanto, a OMS declarou que ainda precisa ser estabelecido se o uso de cannabis no longo prazo produz sintomas de bronquite crônica, assim como infartos do miocárdio e derrames em jovens usuários.
"Fumar tanto tabaco como cannabis pode aumentar o risco de câncer e outras doenças respiratórias, mas é difícil estabelecer se os fumantes de cannabis enfrentam risco maior do que os usuários de tabaco", disse o relatório.
O documento enfatizou também que, apesar de haver cada vez mais evidências sobre os efeitos da cannabis para os motoristas, elas ainda são pequenas quando comparadas às evidências sobre os efeitos do álcool no trânsito.
O potencial uso médico, incluindo farmacológico, toxicológico e possíveis aplicações terapêuticas da planta não foram analisadas no relatório da OMS.
(com informações do site Nações Unidas)