Levantamento realizado em meados deste ano com 814 pessoas de 25 a 65 anos pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, mostra que 35% dos participantes compartilham colírio.
O especialista afirma que colírio é igual a escova de dente - pessoal e intransferível. Isso porque, explica, cada pessoa tem uma flora bacteriana na superfície do olho. Durante a instilação, frequentemente o bico dosador toca o olho. Resultado: repartir o medicamento com um amigo ou familiar desencadeia contaminação cruzada. O oftalmologista comenta que o calor intensifica o problema por causa do aumento das doenças oculares externas. As principais são:
●Conjuntivite bacteriana
Inflamação por bactéria da conjuntiva, membrana que reveste a esclera (branco do olho) e o interior da pálpebra. Mãos sujas, compartilhar colírios, equipamentos, fronhas, toalhas ou maquiagem, água contaminada de piscina ou mar.
●Conjuntivite viral
Inflamação da conjuntiva por vírus. As mesmas da conjuntivite bacteriana, queda da imunidade por má alimentação e aglomerações em ambientes fechados.
●Conjuntivite alérgica
Inflamação da conjuntiva por alérgenos. Sensibilidade a medicamentos, poluição, maquiagem, cremes, higienizador de lente de contato.
● Ceratite
Inflamação da córnea, membrana externa do olho que refrata a luz, causada por bactéria, vírus, fungo ou parasita. Uso incorreto de lente de contato, automedicação com colírio, trauma.
● Olho seco evaporativo
Evaporação da camada aquosa da lágrima que facilita a contaminação dos olhos.
Uso de anti-histamínicos, terapia de reposição hormonal, pílula anticoncepcional, excesso de ar condicionado, uso de eletrônicos, tomar sol sem proteger os olhos.
Tratamentos
Queiroz Neto afirma que cada uma dessas doenças têm um tratamento diferente, embora a conjuntivite viral, a alérgica, o olho seco evaporativo e a ceratitefúngica ou viral tenham os mesmos sintomas: coceira, ardência, olhos vermelhos, aversão à luz, visão borrada e secreção aquosa. "As lentes de contato deve ser evitadas durante os tratamentos", ressalta. Outra dica é usar óculos escuro para aliviar o desconforto.
Aplicar compressas frias feitas com gaze embebida em água filtrada alivia os sintomas, mas se não desaparecerem em dois dias, a recomendação é consultar um oftalmologista. O especialista diz que para conjuntivite viral geralmente é indicado anti-inflamatório com corticóide. Este tipo de colírio, explica. só pode ser instilado com supervisão médica. Isso porque, o uso prolongado pode causar catarata e glaucoma. Já a interrupção brusca piora a doença e pode causa sequelas na visão.
No tratamento da conjuntivite alérgica pode ser prescrito colírio anti-histamínico ou corticóide, dependendo da gravidade de cada caso, pondera. A ceratite exige sempre acompanhamento médico e o tratamento varia de acordo com a causa; colírio antiviral quando causada por vírus e antifúngico quando é provocada por fungo. Para olho seco evaporativo, além do uso de lágrima artificial, o médico recomenda alimentação rica em vitaminas A e E, além da suplementação com ômega 3 que pode ser feita com cápsulas de semente de linhaça.
"O sintoma que difere a conjuntivite e a ceratite bacteriana é a secreção purulenta", afirma. Nos dois casos o tratamento requer colírio antibiótico.
Prevenção
Cuidados simples previnem as doenças oculares mais comuns no calor. As dicas elencadas por Queiroz Neto para manter a saúde ocular neste período são:
● Lave as mãos com frequência.
● Evite aglomerações em locais fechados.
● Mantenha o corpo hidratado com 2 litros de água/dia
● Não compartilhe colírios, maquiagem, cremes, toalhas e fronhas.
● Interrompa o uso de lente de contato a qualquer desconforto.
● Use óculos com filtro solar para proteger os olhos da radiação e da poluição.
● Modere o uso do ar condicionado.
● Evite dormir com lente de contato.
● Não coce os olhos.
● Nunca use colírio sem prescrição médica.