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Cai adesão à vacinação contra Covid-19, aponta Datafolha

Aline Mazzo - Folhapress
07 nov 2020 às 15:25

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- iStock
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A adesão à vacinação contra a Covid-19 caiu em quatro grandes capitais brasileiras, como mostra pesquisa Datafolha realizada com eleitores de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife. O apoio à imunização obrigatória também registrou queda nesses locais.


Mesmo assim, a fatia dos que pretendem se vacinar, uma vez que um imunizante seguro e eficaz esteja disponível, e dos favoráveis à obrigatoridade da aplicação das doses ainda é majoritária na pesquisa.

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O Datafolha ouviu 1.260 eleitores a partir de 16 anos na capital paulista, 1.064 na fluminense, 868 na mineira e 924 na capital pernambucana, nos dias 3 e 4 de novembro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95% para todos os casos.

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Em comparação com levantamento do instituto feito em outubro, todas as capitais apresentaram redução no percentual dos que afirmam ter interesse em se imunizar. A taxa de recifenses que pretendem se vacinar caiu de 75% para 65% agora em novembro. No mesmo período, subiu de 20% para 30% a parcela dos que não pretendem tomar a vacina.

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Tanto São Paulo (72%), quanto Belo Horizonte (74%) e Rio de Janeiro (73%) viram a taxa de adesão à vacinação recuar 7 pontos percentuais neste último mês. Enquanto isso, as taxas de recusa para a imunização alcançaram 23%, 21% e 24%, respectivamente.


A vacinação obrigatória também perdeu apoio, como mostra o Datafolha de novembro. No Rio de Janeiro, a taxa do que são favoráveis à imposição da imunização caiu 16 pontos percentuais, chegando em 61%. Em São Paulo, a queda foi de 72% para 58%; em Belo Horizonte de 76% para 62%; e em Recife, de 73% para 61%.

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A fatia dos que acham que a vacinação deverá ser obrigatória é majoritária em todos os estratos da pesquisa, com exceção dos eleitores moradores da capital paulista com renda acima de dez salários mínimos. Entre estes, 56% se posicionam contra a medida.


Os maiores índices de apoio à vacinação ficam entre as mulheres, os entrevistados na faixa de 16 a 24 anos e com menor escolaridade (só com o ensino fundamental completo). Em São Paulo, a maior adesão à medida fica entre os eleitores com mais de 60 anos.

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A queda dos que afirmam ter intenção de receber a imunização contra a Covid-19 acontece em meio à guerra política no entorno das vacinas, em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador João Doria (PSDB) trocaram farpas em razão da aquisição e da obrigatoridade da vacina.


No fim de setembro, Bolsonaro afirmou que "ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina". Em resposta, Doria anunciou que a imunização seria obrigatória em São Paulo. O presidente respondeu chamando o tucano de "lunático" e "autoritário" em razão da exigência.
Lei sancionada em fevereiro, contudo, prevê a possibilidade de vacinação compulsória.

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A tensão política entre ambos se agravou ainda mais após o presidente desautorizar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, um dia após ele ter anunciado acordo com o estado de São Paulo para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, vacina da farmacêutica chinesa Sinovac que será produzida no Brasil pelo Instituto Butantan.


O governo federal já anunciou aquisição de 140 milhões de doses da vacina, sendo 100 milhões da parceria entre a AstraZeneca e a Universidade de Oxford, por intermédio da Fiocruz, e outras 40 milhões de doses obtidas através do mecanismo Covax Facility, liderado pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

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Ao menos oito partidos entraram com questionamentos no STF (Supremo Tribunal Federal) para assegurar a competência de estados e municípios em determinar a vacinação obrigatória e pedindo que o governo Bolsonaro adquira doses da Coronavac.


O presidente do STF, Luiz Fux, afirmou ver com bons olhos o Judiciário entrar na discussão sobre o tema. Já o procurador-geral da República, Augusto Aras, avaliou que não há discussão constitucional que justifique uma decisão do tribunal sobre como o Executivo deve agir neste tema.

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Vacina chinesa é a que encontra maior resistência


Apesar de a maioria declarar que pretende se vacinar, quando questionados sobre a procedência das doses, as que são desenvolvidas na China, mesmo que já aprovadas, encontraram maior resistência entre os entrevistados de todas as capitais, mostra o Datafolha.


A vacina chinesa recebeu menos confiança entre os eleitores do Recife, com 42% de aceitação, seguida de Rio de Janeiro e Belo Horizonte, ambas com 52%. Já a capital paulista é a que demonstra menos resistência, com 57%.


Os maiores índices de rejeição à uma vacina criada na China se concentram nos grupos que aprovam o governo Bolsonaro. Entre os cariocas, por exemplo, 68% dos apoiadores do presidente recusariam as doses chinesas. Essa resistência cai na fatia que reprova a gestão federal.


Já a vacina desenvolvida e aprovada pelos EUA é a que tem melhor aceitação entre todos os entrevistados. Em São Paulo, a taxa de adesão chega a 76%, bem próximo do registrado em Minas Gerais e Rio de Janeiro (ambas com 72%) e Recife (62%).


A segunda que mais inspirou confiança entre os eleitores foi a imunizante criada na Inglaterra. Nas quatro cidades, entre 60% e 76% aceitariam as doses. Já a parcela que receberia bem uma vacina russa varia entre 52% e 60% nas capitais, segundo a pesquisa.


Ainda sem haver remédio que possa curar a Covid-19, a vacina é vista como única solução para estancar a pandemia. No entanto, nenhum imunizante está disponível para a população. Até o início deste mês, ao menos dez candidatas a vacina no mundo estavam na terceira e última fase de testes clínicos, com outras nas fases 1 e 2.


As previsões mais otimistas são de que as campanhas possam começar, com grupos de risco, no início de 2021. Mas a vacinação de populações inteiras pode levar mais alguns meses.


No Brasil, as vacinas mais próximas do uso em massa são a CoronaVac, em São Paulo, e a vacina de Oxford, criada pela farmacêutica AstraZeneca com a universidade britânica a qual lhe empresta o nome e que no Brasil tem como parceira a Fiocruz.


O Datafolha também verificou se os eleitores faziam uso correto da máscara no momento da entrevista. O maior respeito foi identificado em São Paulo, onde 81% usavam a proteção de maneira adequada e apenas 12% não estavam sem.


Já a menor adesão à máscara foi registrada em Recife, onde 30% dos participantes não utilizavam proteção.

Fontes: Pesquisas Datafolha presenciais com eleitores de 16 anos ou mais nas cidades de São Paulo (1.260 eleitores), Rio (1.064), Belo Horizonte (868) e Recife (924) nos dias 3 e 4 de novembro. Registros: no TRE-SP com o número SP-06709/2020, no TRE-RJ com o número RJ-02176/2020, no TRE-MG com o número MG-02074/2020 e no TRE-PE com o número PE-06862/2020. A margem de erro máxima é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Contratantes: Folha de S.Paulo/TV Globo.


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