A variante delta do novo coronavírus não teve, ao menos por ora, a proliferação prevista inicialmente pelos especialistas.
A continuidade de obrigação do uso de máscaras, o grande número de pessoas contaminadas e ainda as medidas de restrição podem ter colaborado para que a expansão não tenha sido tão rápida no estado e na cidade de São Paulo quanto foi em Israel, Nova York e Londres.
"Felizmente a variante dela não entrou no Brasil com a velocidade que temíamos. Alguns até especulam uma espécie de justificativa ecológica, uma competição com a variante gama, não disseminada em outras metrópoles. E precisamos lembrar que em alguns locais o uso da máscara foi abolido, o que pode ter influído diretamente na disseminação", afirma o infectologista Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza, professor da Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu (interior de SP) e presidente da Sociedade Paulista de Infectologia.
Leia mais:
Investigação sobre desvios em compra de vacina da Covid volta ao STF, e PGR analisa em segredo
Droga injetável contra HIV é eleita descoberta de 2024 pela revista Science
Estudo sugere que consumo de chocolate amargo está ligado à redução no risco de diabetes tipo 2
Lula tem alta da UTI e passa a ter cuidados semi-intensivos no hospital
Por outro lado, para pesquisadores ligados ao projeto SP Covid-19 Info Tracker, uma plataforma desenvolvida por pesquisadores da USP e da Unesp, com apoio da Fapesp (Fundo de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo), para análise de dados da doença, essa proliferação pode ocorrer a partir de setembro.
A projeção foi feita levando em consideração a data de chegada da variante em Israel, Nova York e Londres. Segundo análise dos pesquisadores, os aumentos começaram a ocorrer, em média, 80 dias após a confirmação dos primeiros casos.
Pela análise deles, mesmo medidas como o uso de máscara ou o distanciamento social não devem evitar uma grande expansão no número de casos no estado e na cidade de São Paulo no próximo mês.
EM SÃO PAULO
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, um estudo do instituto Adolfo Lutz do dia 1º de agosto indicou que a variante delta foi detectada em 4% das amostras analisadas.
Até agora, ela foi encontrada em três regiões: Grande São Paulo, Baixada Santista e Taubaté.
Segundo o mesmo estudo, a variante gama ainda responde pela maioria absoluta dos casos de Covid-19 no estado de São Paulo.
O balanço mais recente do Centro de Vigilância Epidemiológica indica que já foram detectados 231 casos da variante delta, sendo 52 autóctones (contraídos no estado), 10 importados e 169 ainda em investigação.
Dados apresentados na quarta-feira (18) durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes indicam queda de 9% no número de casos, e de 4,3% na quantidade de internações.
A pasta reitera a importância de continuidade das medidas de prevenção contra o coronavírus, tais como o uso de máscaras, higienização das mãos e evitar aglomerações.