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Benefício em todos os sentidos

Aumento da vacinação ajudaria a reduzir inflação pelo mundo, diz FMI

Rafael Balago - Folhapress
14 out 2021 às 07:57

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- Aldemir de Moraes/ PMM
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O FMI (Fundo Monetário Internacional) aponta que a inflação no mundo deve seguir em alta até o fim de 2021, mas arrefecer no ano que vem e retornar a níveis pré-pandemia. No entanto, o cenário segue incerto, já que a crise sanitária ainda não foi controlada, e o fundo defende que a saída para a crise atual é aumentar a vacinação.


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"Desdobramentos recentes deixaram muito claro que a pandemia não vai terminar em uma parte até acabar em todas as partes", defende o fundo, no relatório World Economic Outlook (panorama da economia mundial), divulgado na terça (12). O FMI recomenda que os países mais ricos ajudem os pobres a terem acesso a mais vacinas, por meio de doações, financiamentos e transferências de tecnologia.

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A instituição realiza nesta semana sua reunião anual, em Washington. O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, viajaram para participar do evento e ficarão alguns dias na capital dos EUA.

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No Brasil, o IPCA, índice oficial de inflação do país, atingiu 1,16% em setembro e acumula alta de 10,25% em 12 meses. O indicador anualizado é quase o dobro do teto da meta de inflação perseguida pelo BC, Banco Central, de 5,25%.


O fundo passou a estimar alta de 7,9% do IPCA para este ano no Brasil, contra 4,5% em sua última projeção para a inflação, feita em abril. Para 2022, a previsão é de 4%. Antes, estimava 3,5%.

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Mesmo com o ajuste, o cenário do FMI para a inflação este ano ainda é menor do que a taxa de 8,59% prevista pelo mercado no último relatório Focus do BC. Para 2022, o resultado esperado pelo fundo também é mais baixo, dado que os analistas no Focus calculam uma alta do IPCA de 4,17%.


A instituição projeta que a economia global deve crescer 5,9% em 2021 e 4,9% em 2022. A previsão atual para este ano é 0,1% menor do que a feita em julho. A redução nas expectativas ocorreu por conta dos problemas nas cadeias de suprimento globais e pela piora da pandemia em países mais pobres. O fundo avalia que a recuperação global perdeu impulso no segundo trimestre de 2021.

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O FMI estima que o PIB do Brasil crescerá 5,2% em 2021, mas apenas 1,5% em 2022. A projeção atual para o país em 2021 ficou 0,1 ponto percentual abaixo da do relatório de julho, e a de 2022, 0,4 ponto menor.


"O Brasil teve uma leve redução [na projeção] por causa dos efeitos que esperamos pelo aumento das taxas de política monetária, dados os altos níveis de inflação, e também pela relaçao com a divisa dos EUA. Os EUA são um dos principais parceiros comerciais brasileiros, e a combinação desses fatores nos levou a fazer a redução", disse Gita Gopinath, economista-chefe do FMI.

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Petya Koeva Brooks, vice-diretora do Departamento de Pesquisas do fundo, reforçou que a queda na projeção para o Brasil, em relação à de julho, foi "muito modesta" e que a alta no preço das commodities e a retomada nos setores de indústria e serviços serão importantes para a retomada no longo prazo.


Nos EUA, o FMI estima que economia deve crescer 6% este ano e 5,2% no próximo. A China deve ter alta de 8% em 2021 e 5,6% em 2022.

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Para o FMI, a inflação global pode piorar se surgirem novas variantes antes de que a vacinação avance nas áreas mais pobres do planeta. Nos países desenvolvidos, cerca de 58% da população está com o ciclo vacinal completo. Em nações emergentes, esse índice está em 36%. E em países pobres, menos de 5%. No Brasil, essa taxa é de 46,5%.


Novos surtos de Covid-19 podem dificultar a retomada econômica dos países e gerar efeitos na economia global por romperem ciclos de produção e logística. A alta da doença em países da Ásia neste ano, por exemplo, fez com que fábricas locais tivessem de ser fechadas por vários dias, levando à falta de componentes eletrônicos para a montagem de outros produtos, como carros, gerando um efeito cascata capaz de impactar a inflação em lugares muito distantes do local onde houve alta de casos e mortes.

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O estudo ressalta que a inflação deve seguir forte em alguns países emergentes por reflexo da alta do preço dos alimentos, do petróleo e da perda de valor das moedas locais frente ao dólar e ao euro, o que encarece importações. E que os preços de comida tem subido em países de renda mais baixa, aumentando a fome e as dificuldades para os mais pobres.


O fundo recomenda que os gastos com saúde sigam sendo priorizados, mesmo em situações de orçamento apertado, e que os bancos centrais estejam preparados para agir rapidamente nos casos de altas súbitas de preço, mesmo que isso comprometa a recuperação de empregos.


"A alternativa de esperar pela retomada robusta do mercado de trabalho traz o risco de que a inflação cresça de um modo no qual ela se auto-alimenta, minando a credibilidade das políticas e criando mais incertezas", alerta o fundo.


O cenário de crescimento econômico menor e inflação alta gera o risco de uma estagflação global, situação em que preços sobem e os países não crescem, mesmo que os governos apliquem estímulos fiscais e monetários.


O FMI pondera que caso o novo coronavírus siga tendo impacto prolongado, o PIB global pode encolher em até US$ 5,3 trilhões nos próximos cinco anos, mas que isso pode ser evitado com o avanço da imunização.


O relatório também aponta que as mudanças climáticas podem afetar a economia, e cita como casos a seca no Brasil e os incêndios florestais nos EUA, entre outros.


O fundo também divulgou nesta terça o Global Financial Stability Report (relatório de estabilidade financeira global), que aponta melhora nas condições econômicas nos países desenvolvidos, nas perspectivas de crédito, nos ganhos corporativos e apoio dos investidores a questões ambientais.


Por outro lado, o documento aponta riscos como a queda nas previsões de crescimento econômico, na recuperação desigual no setor corporativo, na potencia queda no preço das casas nos próximos três anos, nas quedas de retorno do setor de seguro de vida e no rápido crescimento de ativos cripto, como moedas virtuais.


O órgão faz cinco recomendações aos gestores públicos: que os bancos centrais forneçam orientações claras sobre as políticas adotadas e que ajam de forma decidida para conter expectativas de inflação. O FMI também defende que as políticas fiscais devem ser mais direcionadas para atingir alvos específicos e adaptadas a cada país e que mercados emergentes aproveitem os recursos extras disponíveis para implantar reformas estruturais.

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