Funcionários do sistema de saúde da Argentina começaram a receber nesta terça-feira (29) doses da vacina russa Sputnik V em diversos hospitais do país.
Entre os primeiros imunizados estão a enfermeira Juliana Torcuati, de La Plata, um médico que trabalha na UTI do hospital San Martín, o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, e o vice-ministro de Saúde da província, Nicolás Krepak.
O ministro de Saúde do país, Ginés González García, afirmou a jornalistas, na entrada do hospital Posadas, que está "otimista com essa primeira fase", destinada à linha de frente dos que enfrentam a pandemia.
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No centro de vacinação do mesmo hospital, a fila de enfermeiros, intensivistas e médicos era grande, e todos usavam máscaras e luvas. Os vacinados permaneceram no hospital após a aplicação para observação de eventuais reações ao imunizante -um procedimento padrão.
Nesta primeira fase serão dadas as 300 mil doses que já estão no país. A vacina russa requer duas aplicações, e a segunda será administrada daqui a 21 dias, com material que ainda chegará de Moscou.
O governo enfrenta críticas por ter priorizado, nesta primeira fase, apenas a vacina russa. A oposição afirma que os documentos sobre os efeitos colaterais que a Sputnik V provocou em sua fase 3 não foram devidamente divulgados, enquanto a Anmat, a Anvisa argentina, afirma que a informação de Moscou está completa e os resultados cumprem os requisitos para o início da vacinação em "caráter de emergência".
O ministro da Saúde da cidade de Buenos Aires, Fernán Quirós, do partido de oposição ao governo nacional, reafirmou que ainda não recebeu todas as informações do Instituto Gamaleya, que produz a Sputnik V, e alertou para o relaxamento das regras de distanciamento social neste período de festas, que já está causando nova alta na curva de contágios na capital do país.
"Precisamos de mais agilidade do governo nacional e de mais transparência, além de mais dados sobre como será o cronograma de vacinação para a população em geral. Por enquanto, só vemos essa preocupação com os funcionários de saúde."
Em entrevista à TV Pública, na noite de segunda (28), o presidente Alberto Fernández afirmou que negocia a compra de vacinas de outras fabricantes, mas ressaltou que ainda há problemas em relação ao laboratório Pfizer, "devido ao custo dos ultracongeladores necessários para transporte e manutenção".
As doses aplicadas nesta terça-feira serão apenas para pessoas entre 18 e 60 anos, porque ainda faltam informações técnicas sobre o efeito dos imunizantes em maiores de 60, segundo o Ministério da Saúde.
Essa é uma das razões pelas quais Fernández, 61, não será vacinado nesta terça. González García, 75, também está acima da faixa etária. "Tomarei a vacina quando estiver liberada para mim", afirmou.
Está prevista para os meses de janeiro e fevereiro a chegada do restante das doses da Sputnik V compradas pelo governo -um total de 40 milhões. A projeção para a vacinação em massa a partir deste período também leva em conta que, em abril, o país espera receber o imunizante desenvolvido pela Astrazeneca e Universidade de Oxford.
A cidade de Buenos Aires, que tem status de província e é governada pelo oposição ao governo nacional, pede mais participação nas negociações e a liberdade de escolher com que laboratório quer trabalhar.