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Agosto Branco: tabagismo é responsável por 85% dos casos de câncer de pulmão

07 ago 2023 às 13:38

Um mês para comentar sobre o câncer de pulmão, o Agosto Branco. E, no dia 29, é o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Mais de 32 mil casos de câncer de pulmão por ano estão previstos entre 2023 e 2025 conforme dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer). No Brasil, é o quarto tipo de câncer mais frequente (exceto pele não melanoma), e a Região Sul do país a de maior incidência tanto em homens quanto em mulheres.


O tema também vem à tona pelo falecimento da atriz Aracy Balabanian em decorrência ao câncer de pulmão que ela tratava. 


O tabagismo é a principal causa de morte evitável, responsável por mais de 7 milhões de mortes em todo mundo. De acordo com a dra. Thais A. de Almeida, oncologista clínica do IOP (Instituto de Oncologia do Paraná), as principais causas de morte relacionadas ao cigarro são as doenças cardiovasculares ateroscleróticas, doença pulmonar obstrutiva crônica e câncer. “Considerando que hoje há cerca de 1 bilhão de adultos tabagistas em todo mundo, o número de indivíduos expostos à fumaça do cigarro (tabagistas passivos) é ainda maior e eleva também o risco de câncer e agravamento de doenças pulmonares inclusive em crianças. Qualquer exposição à fumaça de cigarro é nociva”, pontua. 


O tabagismo, mesmo o passivo, é responsável por 85% dos casos de câncer de pulmão (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, 2021b). Entre os tumores malignos associados ao fumo estão o câncer de pulmão, colorretal, esôfago, colo de útero, fígado, rim, laringe, faringe, bexiga, cavidade nasal e oral, pâncreas, pênis, estômago, pleura (mesotelioma) e leucemia mieloide. “Nos indivíduos que seguem fumando, mesmo já com diagnóstico de câncer, há um maior risco de complicações associadas ao tratamento como dificuldade de cicatrização de feridas, infecções, menores chances de sucesso em cirurgias de grande porte e até novos tumores malignos”, frisa a especialista. 


Controlar o vício é de extrema importância, já que, ao cessar o tabagismo, em qualquer idade, mesmo após já ter desenvolvido alguma doença relacionada ao cigarro, o indivíduo reduz o risco de morte e melhora a qualidade de vida dele e daqueles em convívio considerados tabagistas passivos. 


É possível ainda, entre aqueles que param em definitivo com o cigarro, reduzir gradualmente e em até 50% o risco de câncer quando comparado àqueles que seguem fumando. Por isso é importante o acompanhamento de forma integral por equipe de pneumologistas, psicólogos e, por vezes, psiquiatras para retira ro hábito de forma programada, pelo frequente risco de recaída ou desistência ou sintomas de abstinência. 


Diagnóstico precoce 


O diagnóstico precoce do câncer de pulmão é um desafio, pois os sintomas em geral ocorrem em uma fase mais avançada da doença. Recomenda-se que adultos de 50 a 80 anos que fumaram ou ainda fumam consultem um pneumologista ou oncologista. Caso tenha uma carga tabágica de pelo menos 20 maços-ano, o mesmo tem indicação de fazer tomografia de tórax anual até ter completado 15 anos sem tabagismo (US Preventive Services Task Force 2021). Vale lembrar que a indicação do rastreamento bem como a análise dos exames deve ser feita por um médico especialista que possa orientar de forma correta a conduta diante dos achados dos exames. O diagnóstico precoce reduz a morbidade e a mortalidade relacionada ao câncer de pulmão. 


Indivíduos que diagnosticam precocemente o câncer de pulmão têm chances de cura e, em geral, o tratamento consiste de cirurgia ou, em algumas ocasiões, radioterapia. “Novos avanços com quimioterapia associada à imunoterapia (medicamentos que regulam o sistema imunológico para combater as células do câncer) têm auxiliado na redução de tumores antes da cirurgia diminuindo também as chances de recidiva. Naqueles que diagnosticam em fases mais avançadas (com metástases) ainda assim é possível, em alguns casos, manter a doença sob controle e obter significativos ganhos de tempo de vida e qualidade e vida”, orienta a Dra. Thais. “Atualmente muitas terapias-alvo (drogas especificas para mutações encontradas no tumor) podem proporcionar tratamentos com poucos efeitos colaterais e respostas duradouras. Também as imunoterapias entram nesse cenário por vezes sem a necessidade de quimioterapia. Para isso faz-se necessário a análise molecular do tumor”, pontua. 


Cigarros eletrônicos


Embora considerados inofensivos, os cigarros eletrônicos têm sido utilizados de forma recreacional por jovens e indivíduos que desejam cessar o tabagismo. Alguns contêm nicotina, substâncias químicas líquidas e metais que também são potencialmente cancerígenos. Em 2019 o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) reportou mais de 2 mil casos suspeitos de doença pulmonar grave associados à inalação dos aerossóis provenientes destes dispositivos. 


Outro alerta é para os fumantes de narguilé, já que 1 hora de fumo equivale a 100 cigarros tragados, podendo ocasionar câncer de pulmão, boca, bexiga e todas as outras doenças relacionadas. 


O combate ao fumo torna-se um problema de saúde pública e cada um tem por direito e dever contribuir para auxiliar aqueles com dificuldades em se libertar do hábito de fumar como forma de também promover a saúde familiar. “Embora o câncer seja o mais temido dos problemas relacionados ao cigarro, outras doenças tão e mais graves também devem ser lembradas. O diagnóstico precoce do câncer de pulmão depende da conscientização do indivíduo quanto ao risco e também de uma equipe de profissionais capacitada que o oriente. É possível curar o câncer de pulmão e em situações de doença avançada é possível também viver com qualidade”, alerta a médica do IOP.           


Fontes:


Lancet. 2021;397(10929):2337. Epub 2021 Maio 27


US Department of Health and Human Services 2020

 

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