Em novembro de 2013 foi registrado o transporte de 612 órgãos e tecidos, em 367 voos domésticos realizados por companhias que integram a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear): AVIANCA, AZUL, GOL e TAM. O número representa 96% do total de órgãos transportados no mês, de acordo com a Central Nacional do Transplante, do Ministério da Saúde. O índice equivale a um crescimento de 2% no número total de voos e 6,25% no volume de órgãos, em comparação ao mesmo período do ano passado.
Essa evolução é resultado dos investimentos em capacitação e tecnologia, e do trabalho em conjunto entre o setor aéreo e os órgãos de saúde. Para Eduardo Sanovicz, presidente da ABEAR, a operação exige uma logística complexa e o desafio da aviação é viabilizá-la em média de quatro horas - tempo de vida útil do órgão nas melhores condições de transporte.
De acordo com o Ministério da Saúde, vários estados, principalmente da região Norte do país, dependem da logística aérea para poder realizar transplantes. O processo mobiliza um grande contingente nos hospitais, aeroportos e companhias aéreas, explica Sanovicz. "Em um país com dimensões continentais como o Brasil, utilizar a malha aérea para essa finalidade é a solução".
Dados consolidados
De janeiro a novembro deste ano, incluindo a via terrestre, foram transportados 6.369 órgãos. As quatro associadas da ABEAR já foram responsáveis pelo deslocamento de 6.110 deles, ou 95% do total, em 4.122 voos. Já a comparação mês a mês mostra que os voos têm sido otimizados para a operação. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, em 2012 foram transportados 3.514 órgãos de um volume total de 24.473 cirurgias.
Acordo de cooperação técnica
No início deste mês, a ABEAR, a Secretaria de Aviação Civil (SAC) e a Força Aérea Brasileira (FAB) firmaram acordo de cooperação com o Ministério da Saúde para a criação de vagas específicas nos voos visando ao transporte de órgãos e de equipes médicas. A expectativa do acordo é reduzir o tempo de viagem e elevar o volume transportado de material, como órgãos sólidos, tecidos e também de hemoderivados (medicamentos obtidos a partir do sangue).
Atualmente, dos 2,7 mil voos domésticos realizados diariamente, 35 levam órgãos de transplante. "As companhias aéreas já estão preparadas para a operação. O impacto gerado na priorização de embarque, tanto dos órgãos quanto das equipes de transplantes, não vai interferir no voo", afirma Sanovicz.
O acordo prevê prioridade nos pousos e decolagens para aeronaves que transportarem equipes e material de transplante. Os integrantes do grupo de captação e condução de órgãos, por sua vez, terão preferência nos procedimentos de inspeção de segurança, no embarque e desembarque. O Sistema Nacional de Transplantes também passa a ter acesso a informações sobre voos e logística, para definição do melhor roteiro a ser percorrido de acordo com a urgência. O trabalho já foi iniciado no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, onde uma equipe de 8 enfermeiros, que vai atuar 24 horas por dia em 7 dias por semana, foi destacada para a atividade.