"Os prejuízos em acidentes de trânsito consomem o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, chegando a 5% nos países em desenvolvimento", destacou a presidente Dilma Rousseff ao abrir a 2ª Conferência Global de Alto Nível sobre Segurança no Trânsito – Tempo de Resultados, que teve início nesta quarta-feira (18) e prossegue até amanhã, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília (DF).
As altas cifras em dinheiro, no entanto, segundo a presidenta, não contabilizam o sofrimento incalculável de milhares de famílias provocado pela perda de entes queridos e por sequelas de acidentes graves. "Investir em trânsito certamente traz benefícios econômicos, mas realmente são secundários em relação à preservação de vidas humanas e qualidade de vida", frisou a presidenta.
A diretora geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan, reconheceu o trabalho do Brasil na promoção de um trânsito mais seguro e elogiou o comprometimento intersetorial com a área. "Quando falamos de desenvolvimento sustentável, temos que reconhecer a liderança do Brasil. O país promoveu avanços significativos na segurança no trânsito. Não vi outro país com envolvimento de tantos ministérios. O Brasil está no caminho certo, continuem trabalhando", destacou.
Na abertura, Chan também ressaltou que o tema de saúde pública depende de ações multisetoriais, com parcerias com a indústria e apoio da sociedade civil. A diretora do maior órgão de saúde da Organização das Nações Unidas também reforçou a necessidade de aplicar tecnologia para produção de veículos e vias seguras. "Se trabalharmos juntos pela segurança no trânsito poderemos evitar muitos acidentes e salvar vidas", concluiu.
Logo após a abertura, durante coletiva de imprensa, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, enfatizou que, pela primeira vez, em uma década, houve redução de mortes no trânsito no Brasil. "Entre 2012 e 2013, o Brasil reduziu em 6% o número de vítimas nas estradas e rodovias. Ainda é um número pequeno, mas ele só foi possível em função das várias medidas adotadas que contribuíram para esse resultado, como o uso obrigatório do cinto de segurança e o trabalho de conscientização que vem sendo feito com a população". O ministro enfatizou ainda a necessidade de o Governo Federal atuar mais fortemente na redução de acidentes envolvendo motociclistas, responsáveis por maior parte do número de mortes e internações no país.
AÇÕES PREVENTIVAS - Durante a abertura, Dilma apresentou as medidas já adotadas pelo Brasil para enfrentar a epidemia que se instaurou no trânsito, como o endurecimento da Lei Seca – que culminou com a redução em das vítimas fatais –, e a obrigatoriedade do cinto de segurança e das cadeirinhas infantis. No entanto, reforçou a necessidade de um trabalho de conscientização, mobilização e educação para que todos se sintam responsáveis por um trânsito mais seguro. "A batalha contra a violência do trânsito é mais que uma questão de novas leis. É necessária uma nova cultura", frisou a presidenta.
A resposta pós-acidente, um dos cinco pilares do Plano Global para a Década de Ação para a Segurança no Trânsito 2011-2020, também foi destaque na fala da presidente. "Os sistemas de saúde devem estar preparados para o atendimento emergencial, assim como, a reabilitação das vítimas. No Brasil, temos o SAMU que atende mais de 150 milhões de cidadãos".
A Rede de Urgência e Emergência do Brasil está estruturada para agilizar o atendimento às vítimas de trânsito e, com isso, evitar óbitos, complicações e sequelas graves. O SAMU atua no atendimento pré-hospitalar e estabilização da vítima até chegar a uma unidade hospitalar. Seu trabalho é essencial visto que a maior parte das vítimas fatais de acidentes – 1,25 milhão por ano em todo o mundo – morre antes de chegar a um hospital.