Com o avanço da variante ômicron do vírus que causa a Covid-19, mais transmissível que as outras cepas em circulação, o planeta voltou a bater recorde de casos de contaminação pela doença nesta segunda-feira (27).
Os dados são da plataforma Our World In Data, ligada à Universidade de Oxford, no Reino Unido, que registrou nesta segunda uma média diária de 847.136 casos, considerando os sete dias anteriores, a chamada média móvel.
Antes disso, o recorde anterior havia sido registrado em 28 de abril deste ano, com média de 826.973 casos, quando havia pouca disponibilidade das vacinas contra a Covid-19.
O dado desta segunda foi impulsionado pela confirmação de 1,45 milhão de casos num único dia, recorde absoluto até agora, acima dos 905,8 mil casos registrados em abril, no pico daquela onda de contaminações.
Com o avanço da vacinação, porém, o número de mortes permanece muito abaixo do registrado em ondas anteriores da doença. Nesta segunda, a média móvel de mortes registradas em todo o mundo foi de 6,4 mil óbitos, número comparável a outubro de 2020, quando não havia imunizantes disponíveis.
Mesmo assim, a Organização Mundial da Saúde afirmou nesta terça (28) que prevê que a ômicron provoque aumento nas hospitalizações, sobretudo entre pessoas não vacinadas.
A explosão recente de contaminações da doença acontece de forma diferente pelo mundo e impulsionada por países do hemisfério norte, que enfrentam o frio do inverno, estação em que doenças respiratórias se propagam mais facilmente.
Só os Estados Unidos, por exemplo, têm confirmado média de mais de 237 mil casos por dia. A Europa também tem batido recordes absolutos, com média de 441,5 mil casos só nesta segunda-feira, bem acima do recorde anterior, de novembro de 2020, com média móvel de 293,7 mil casos.
Já o Brasil, por outro lado, está em um dos momentos com menor confirmação de casos desde o início da pandemia, com média móvel de 4.311 contaminações, de acordo com números levantados pelo consórcio de veículos de imprensa.
Mas esse número esconde a real situação do país, visto que desde que os sistemas do Ministério da Saúde foram atacados, em 10 de dezembro, estados têm tido dificuldades em enviar informações da doença ao governo federal. É a situação de São Paulo, por exemplo, estado mais populoso que tradicionalmente concentra a maior parte dos casos no Brasil, mas que não atualiza o número de contaminações e mortes desde o dia 11.
Além disso, outro fator que a comparação esconde é a testagem, já que em boa parte das nações europeias e nos Estados Unidos é possível fazer testes para a doença de maneira muito mais fácil do que no Brasil, como receber testes em casa, o que permite identificar um volume muito maior de contaminações.
Mas, quando se observa o avanço da doença em países específicos, como no Reino Unido, é possível notar o impacto de uma variante mais transmissível. O país registrou na segunda-feira média diária de 108,3 mil casos, quase o dobro do recorde anterior, em janeiro, com média de 59,7 mil casos. Segundo o Our World In Data, 58% das contaminações no país são provocadas pela ômicron. Há duas semanas, essa cifra era de 9,5%.
Assim, países têm corrido para dar uma dose de reforço da vacina para a população, o que pesquisas indicam até agora que aumenta a proteção contra a nova cepa do vírus. Na segunda, o governo francês anunciou que vai reduzir de quatro para três meses o intervalo entre a segunda e a terceira dose da vacina, mesmo prazo adotado no Reino Unido. No Brasil, o intervalo é de quatro meses.
Ao mesmo tempo, governos têm ampliado as restrições para conter o avanço da doença. A França limitou o tamanho permitido de aglomerações, proibiu público em pé em shows, restringiu o serviço em bares e restaurantes a consumidores sentados e voltou a incentivar o trabalho remoto e o uso de máscaras em ambientes externos. A Holanda anunciou um novo lockdown até 14 de janeiro, com fechamento de serviços não essenciais.
Portugal, uma das nações mais vacinadas do mundo, mandou fechar bares e casas noturnas até 9 de janeiro, período em que o trabalho remoto também será obrigatório, e limitou reuniões públicas a no máximo dez pessoas. A Alemanha também anunciou limitação a reuniões a dez pessoas e fechamento de casas noturnas, além de suspender o público de partidas de futebol.
A China, que trabalha com uma estratégia conhecida como "covid zero", de não tolerar surtos no país, ampliou nesta terça o lockdown imposto à cidade de Xian, no noroeste do país, após confirmar 200 novos casos.