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Mais tempo sentado?

Médicos observam mais queixas de dores nas costas durante a pandemia; veja causas

Patrícia Pasquini/Folhapress
13 dez 2021 às 10:19
- Pixabay
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Apesar de não ter estatísticas, para os médicos não há dúvida: a pandemia de Covid-19 levou mais queixas de dores nas costas aos consultórios.


Uma estimativa nada otimista da OMS (Organização Mundial de Saúde) aponta que 80% da população já teve ou terá dor na coluna pelo menos uma vez na vida.

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Os especialistas também afirmam que, desde 2020, as pesquisas sobre dores na coluna na internet são mais frequentes –lombalgia é um dos termos mais procurados.

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Ao observar os gráficos do Google Trends –serviço de análise de tendências da plataforma–, nesta segunda (6), em 2020 e 2021 percebe-se alta nas buscas por lombalgia em várias semanas, se comparado a 2019, cujo pico de interesse ocorreu apenas entre 12 e 18 de maio.

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Em 2021, os cinco estados que mais pesquisaram este tipo de dor foram Pará, Goiás, Mato Grosso, Pernambuco e Tocantins. São Paulo aparece no 16º lugar.


A dor lombar não é a única que pode impactar na qualidade de vida de um indivíduo, pois a coluna tem outras duas partes: dorsal e cervical.

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Em tempos de pandemia, a culpa pela dor pode ser da má postura devido à adaptação inadequada para o home office, estresse e até dos afazeres domésticos quando o corpo não está habituado.


"Tenho vários pacientes que me disseram que trabalharam no sofá de casa. Ficaram com a coluna e o pescoço tortos. Outros falaram que trabalharam na cadeira de jantar. São cenários em que as pessoas demoraram para chegar a uma adaptação ou mudar alguns hábitos e agora estão sofrendo as consequências", afirma Matheus Felipe Borges Lopes, neurocirurgião do Instituto de Ciências Neurológicas de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e da North American Spine Society.

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Outros fatores desencadeadores de dor nas costas são predisposição genética, idade avançada, esforços repetitivos, excesso de peso, sedentarismo, atrofia da musculatura, artrose, estenose, hérnias de disco e desgastes ósseos, entre outros.


"Muita gente no início [da pandemia] deixou de se tratar, inclusive as pessoas com doenças crônicas. Elas tinham medo de ir aos consultórios por causa da Covid. Depois veio a teleconsulta e conseguimos aproximar um pouco mais esses pacientes, mas ainda assim muita gente não voltou", explica Lopes.

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"Agora, com a liberação das medidas de restrição, houve esse aumento da procura em dois cenários: os crônicos, que já estavam em tratamento, e os novos, que muitas vezes sofreram também com o home office ou as mudanças no estilo de vida e foram impactados com o estresse, a ansiedade e a depressão, pois a dor tem tudo a ver com o contexto emocional da pessoa. E ainda tem aquelas que deixaram a academia, ficaram sedentárias e ganharam peso, sofrendo com a parte física", completa.


Segundo o especialista, os idosos também foram prejudicados, pois tiveram perda de massa muscular e sofreram com osteoporose e falta de vitamina D devido à pouca exposição solar. Os problemas interferiram na cartilagem e no osso, aumentando o risco de quedas e fraturas.

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Alexandre Fogaça, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (regional São Paulo) e médico do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da USP, afirma que na maior parte dos casos a dor nas costas é benigna e cessa em até dois meses.


"A maioria é tratada conservadoramente com fisioterapia, controle de peso, atividade física e medicação. A minoria precisa de cirurgia", ressalta.

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Fogaça alerta que se passar de dois meses é preciso investigar a causa com um médico, pois há situações em que pode indicar um problema mais sério. "Existem alguns sinais de alerta que também mostram quando as pessoas devem procurar um médico: dor lombar associada à perda de peso e febre, pode ser infecção ou um tumor; se a dor estiver associada à perda de força, sensibilidade e alteração do controle da função intestinal e da bexiga, pode ser uma compressão neurológica", explica Fogaça.


"Quando ela vem após um trauma, talvez tenha fratura. A dor ao repouso noturno pode ser sinal de tumores ou infecções; se ocorre em crianças e idosos essa dor tem que ser investigada", completa Fogaça.


As dores benignas –chamadas de mecanicoposturais–, ocorrem devido a uma pequena lesão muscular, por fadiga ou por causa de sobrecarga da musculatura que sustenta a coluna. "É uma dor mais incipiente. Começa devagar e vai piorando. Quando movimenta o corpo também piora. É uma dor que o repouso ajuda, a musculatura fica sensível ao toque", explica Lopes.


A dor que acorda a pessoa à noite, queima, irradia para algum membro, ou que está muito forte, acima de cinco numa escala de zero a dez pode ser indicativo de algo mais sério.

*

Como evitar ou diminuir dores nas costas:


- Mude os hábitos para melhor;

- Mantenha boa postura;

- Pratique atividade física regularmente com orientação médica e de um especialista;

- Mantenha o peso proporcional à altura para não sobrecarregar a coluna e causar um desgaste prematuro;

- Mantenha os horários de trabalho, principalmente em home office, e a cada duas horas faça um intervalo; alongue-se e ande um pouco;

- Coloque um apoio nos pés e outro na lombar, que deve ficar bem encaixada na cadeira;

- Alimente-se de forma saudável e nos horários corretos;

- No computador, deixe o monitor na altura dos olhos;

- Fale ao celular segurando o aparelho com as mãos e não o deixe apoiado nos ombros;

- Alivie as tensões do dia a dia;

- Equilibre corpo e mente: meditação, técnicas de relaxamento e mindfulness ajudam bastante.

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