Os EUA ultrapassaram pela primeira vez desde o início da pandemia a média de 300 mil casos diários de Covid-19 com o avanço da variante ômicron. O país registrou a marca de 300.886 contaminações na quarta-feira (29) considerando os últimos sete dias –a chamada média móvel.
O índice elevado de contágios contribuiu para que o mundo batesse outro recorde ao registrar média móvel de 1.047.995 casos, segundo dados do Our World In Data, ligado à Universidade de Oxford. Em ascensão desde o fim de outubro, o total de infecções cresceu mais de 80% desde 1º de dezembro, em meio à disseminação da variante ômicron, muito mais transmissível.
Os números também estão muito acima da onda mais grave que o planeta já havia enfrentado, em abril deste ano, quando o pico da média móvel havia chegado a 827 mil casos.
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O diretor da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, descreveu a atual onda como "um tsunami de casos". "Isso está e continuará colocando uma pressão imensa sobre os esgotados trabalhadores da saúde, e os sistemas de saúde estão à beira do colapso."
A média de mortes, porém, continua abaixo da registrada em ondas anteriores da doença –o que, segundo especialistas, pode ser creditado à eficiência da vacinação. Nesta quarta, a média móvel de mortes registradas em todo o mundo foi de cerca de 6.357 óbitos. O índice equivale a 43% do pico registrado em janeiro, quando a imunização em âmbito global estava apenas no início.
Situação semelhante se dá nos EUA, onde os óbitos correspondem a cerca de metade do registrado no período de pico da pandemia no país, com média de 1.546 mortes, contra mais de 3.000 em janeiro deste ano. Desde o começo da pandemia, o país soma mais de 822 mil óbitos.
Mesmo com o nível de mortes abaixo de outras ondas, o país tem visto crescer a hospitalização de crianças. Entre 21 e 27 de dezembro, as internações de crianças cresceram 58% no país, enquanto em outras faixas etárias o aumento foi de 19%, de acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Menos de 25% dos 74 milhões de americanos com menos de 18 anos estão vacinados.
Para os especialistas, a expectativa é a de que a ômicron avance ainda mais com a reabertura das escolas na próxima semana após as festas de fim de ano. Médicos afirmam que ainda é cedo para determinar se a variante causa doenças mais graves nos mais jovens, mas apontam que a alta transmissibilidade é um fator-chave para entender o aumento das hospitalizações.
"O que estamos vendo é que as crianças menores de cinco anos não foram vacinadas, então ainda há uma população relativamente grande de crianças desprotegidas, de modo que não têm imunidade preexistente a esse vírus", diz Jennifer Nayak, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Rochester.
Mesmo em Nova York, que tem uma das taxas de vacinação mais altas dos EUA, apenas cerca de 40% das crianças de 5 a 17 anos estão totalmente vacinadas, em comparação com mais de 80% dos adultos. Não há vacina autorizada no país para crianças com menos de 5 anos de idade.
Recorde de infecções faz com que países retomem restrições
Vários países têm ampliado as restrições para tentar conter o avanço da Covid-19, como a Grécia, que registrou novo recorde nesta quarta. O país proibiu música em bares e restaurantes, além de limitar seu funcionamento a até no máximo meia-noite –no Ano Novo, a autorização se estende até as 2h, mas sempre sem música.
A França também determinou que os bares fechem até as 2h. Além disso, limitou as aglomerações, proibiu público em pé em shows, restringiu o serviço em restaurantes a consumidores sentados.
A Holanda anunciou um novo lockdown até 14 de janeiro, com fechamento de serviços não essenciais. Portugal, uma das nações mais vacinadas do mundo, mandou fechar bares e casas noturnas até 9 de janeiro, período em que o trabalho remoto também será obrigatório, e limitou reuniões públicas a no máximo dez pessoas. A Alemanha também anunciou limite de dez pessoas para reuniões e o fechamento de casas noturnas, além de suspender o público em partidas de futebol.
Em meio ao avanço da doença na Europa, o papa Francisco cancelou sua tradicional visita de Ano-Novo ao presépio da praça de São Pedro devido à preocupação de propagação do vírus entre a multidão reunida, segundo o Vaticano.
Outros continentes também estão endurecendo as restrições. Na Indonésia, com mais de 4,2 milhões de casos confirmados, o governo advertiu que turistas estrangeiros serão deportados da ilha de Bali se forem pegos violando as regras sanitárias no período de festas.
Na Arábia Saudita, as autoridades voltaram a impor medidas de distanciamento social na Grande Mesquita de Meca, cidade sagrada para os muçulmanos, após registrar o maior número de casos de coronavírus em meses.