O câncer de mama não é uma doença exclusiva em humanos e muita gente ainda não sabe que ela também pode atingir os animais. Para Renato Dalcin, professor do curso de medicina veterinária da Universidade Univeritas/UNG, os tumores de mama são os neoplasmas mais frequentes em fêmeas caninas, enquanto em gatas este é o terceiro tipo de tumor mais diagnosticado.
"Machos de ambas as espécies raramente apresentam essa enfermidade, apenas (1%). Sua etiologia é multifatorial, estando envolvidos fatores genéticos, ambientais, nutricionais e hormonais", explica o especialista.
A incidência de tumores malignos nas fêmeas caninas, com capacidade de disseminação para outros órgãos, é de aproximadamente 70%. Os carcinomas de diversos subtipos são os mais prevalentes.
Em gatas, cerca de 90% dos tumores são malignos. Quando malignos, podem se disseminar para sítios metastáticos como linfonodos regionais e pulmão, principalmente. Cadelas de meia idade a idosas e gatas com idades entre 10 a 12 anos não castradas são os animais mais propensos a desenvolver a doença.
As raças caninas de maior incidência do câncer de mama são Poodle, Shih Tzu, Dachshund, Yorkshire, Maltês, Cocker Spaniel, Pastor Alemão, Boxer. Em felinos, a raça siamês apresenta uma maior ocorrência que nas outras.
Como identificar - Os tumores podem se apresentar como nódulos de tamanhos variados, ulcerados ou não, com ou sem reação inflamatória ou invasão linfática. A presença de múltiplos tumores, acometendo uma ou várias glândulas mamárias é frequente em fêmeas caninas, cerca de 70%. As glândulas mamárias inguinais (M5) e abdominais caudais (M4) são as mais acometidas, possivelmente pela maior quantidade de tecido mamário presente nessas mamas.
Diagnóstico e prevenção - O diagnóstico é feito por meio do histórico, do exame físico geral da paciente e do exame físico específico das cadeias mamárias, por inspeção e palpação individual. A palpação dos linfonodos deve ser realizada durante avaliação da paciente.
Deve-se, ainda, realizar exame radiográfico de tórax para pesquisa de metástase em três projeções e estadiamento clínico, além de ultrassonografia abdominal. Além disso, o exame histopatológico é fundamental para determinação do diagnóstico definitivo e avaliação do grau tumoral.
A castração antes do primeiro ciclo estral é a melhor forma de prevenção ou diminuição da indecência do câncer de mama, bem como a não utilização de contraceptivos. No entanto, em algumas raças, a castração precoce pode implicar no aumento de outras doenças, como as ósseas, as musculares e as em órgãos sexuais. Assim, a realização da ovariohisterectomia (OSH, castração), imediatamente após o primeiro estro (cio), pode ser a escolha mais segura. Além disso, a descoberta precoce da neoplasia favorece a diminuição do risco de metástase.
Tratamentos - O tratamento cirúrgico é o tratamento de eleição dos neoplasmas mamários, com exceção do carcinoma inflamatório, o qual se relaciona com prognóstico ruim e baixa sobrevida. A ressecção cirúrgica pode ser curativa em muitas fêmeas caninas com tumores mamários, permite o diagnóstico histopatológico e em determinados pacientes é utilizada como tratamento paliativo para promover melhora na qualidade de vida.
A escolha da técnica deve ser baseada no tamanho tumoral, no estadiamento clínico, na drenagem linfática e na localização do tumor, sendo priorizada a mastectomia radical unilateral (remoção de toda a cadeia mamaria, indicada no caso de diversos tumores ou na prevenção de recidiva), ou bilateral (felinas, todas as situações).
O procedimento para remoção da cadeia mamária contralateral, em caso de cadelas nas quais fora realizada mastectomia radical unilateral, deve ser realizado após quatro semanas da primeira cirurgia. A castração pode ser realizada quando o tumor for removido e antes da remoção total da mana, para evitar que células tumorais caiam na cavidade abdominal.
Embora a castração não vá prevenir o futuro desenvolvimento de tumores mamários, vai evitar doenças uterinas e eliminará a influência hormonal feminina sobre os tumores existentes.