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Qual é a tua obra?

Wellington Moreira
27 mar 2013 às 10:01

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Durante a Semana Santa mais de um bilhão de pessoas de todos os continentes relembram a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo e é praticamente impossível não se sensibilizar com os ricos relatos dos evangelistas acerca daqueles dias que mudaram a história da humanidade.

Em seus anos de vida pública e especialmente ao encarar o Calvário, Cristo nos ensinou que ter um propósito claro na vida faz uma diferença tremenda e que todo sofrimento e dor podem ser vencidos quando sabemos que os nossos esforços têm um justo motivo.

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O filósofo Mario Sergio Cortella escreveu alguns anos atrás um livro com o título "Qual é a tua obra?" no qual trata exatamente disto e explica como a existência de cada um de nós se torna integral somente ao reconhecermos nossa missão. A de Cristo foi a redenção do mundo; e a sua, qual é?

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Reflexões sobre o mundo do trabalho


Em tempos alucinados como o nosso, é muito comum as pessoas não refletirem sobre isto, afinal a toda hora alguém lhes sinaliza que ainda precisam findar alguma tarefa considerada urgente. E neste ritmo, você mesmo pode se perceber fazendo muitas coisas desconectadas e sem sentido ou passar um bom tempo vendo o trabalho como fonte de insatisfação.

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Este problema é mais preocupante ainda se tiver um time para gerir. Neste caso é bem provável que as pessoas da sua equipe trabalhem motivadas somente pelo injusto salário que consideram receber e resistam publicamente quando convidadas a fazerem algo a mais. "Vocês irão pagar hora-extra?" ou "o que eu ganho com isto?" são apenas sinais de que as pessoas ainda não compreendem o todo. Por isto, antes de se revoltar contra quem faz tais perguntas, tente descobrir aonde errou.


Ao mesmo tempo, pare de crer que as pessoas são fiéis às empresas ou aos seus líderes. Elas são fiéis às causas que as companhias ou gestores dão a elas. Assim, se você quiser colaboradores leais, trate de encontrar uma missão audaciosa e significante que mexa com o que há de mais profundo nelas ou então se acostume a contar com seres humanos pela metade.

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O pior disto tudo é que as pessoas que não encontram uma obra a construir se satisfazem por meio da vitimização. Nos treinamentos que eu conduzo não é raro alguém dizer: "Quem realmente deveria estar aqui na sala não veio!". Ou questionamentos do tipo: "O pessoal de cima também irá escutar o mesmo?". É claro que em vários casos as angústias dos colaboradores têm fundamentos, afinal a empresa nem sempre estabelece canais de comunicação adequados, políticas justas ou gestores capacitados a cumprirem o papel que cabe a eles, mas isto não justifica uma postura "oh céus, oh vida" à espera do olhar piedoso de alguém.


Não é por acaso que milhões de telespectadores se identificam com os personagens justiceiros que sofrem a novela inteira nas mãos dos malvados antagonistas e aguardam ansiosamente o capítulo final esperando a redenção completa daqueles, que também consideram iguais a eles. Bons e frágeis mocinhos.


Ainda bem que nem todos pensem assim. Dias atrás escutei o relato de alguém que perdeu seus pais num acidente de trânsito quando estava com apenas 18 anos. Segundo ela, durante o velório e nos dias seguintes, todos lhe diziam: "O que será de você a partir de agora? Tão novinha e sem ninguém para lhe amparar quando for preciso..." Ela não tomou para si a autopenitência e hoje reconhece a obra que precisa completar.


Em sua dimensão humana Jesus Cristo tinha tudo para se vitimizar ao ser aprisionado próximo às festividades da Páscoa. Também tinha tudo para culpar terceiros ou lamentar sua falta de sorte durante aquele breve e injusto julgamento. Entretanto, ele não esmoreceu porque o sentido da sua vida o norteava e hoje nos inspira a buscarmos o nosso.


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