A civilização grega se desenvolveu com base no aprimoramento das capacidades intelectuais, físicas e políticas de seu povo e possibilitou o caldeirão cultural que fez surgir a democracia, o teatro, a filosofia e muitos outros legados que até hoje influenciam grande parte do mundo, especialmente o ocidental.
E hoje em dia algo semelhante é vivenciado pelos cidadãos de metrópoles cosmopolitas como Londres, Nova Iorque, Paris ou Barcelona. Lugares onde a riqueza cultural é praxe e nos quais sua gente tem acesso fácil a museus, grandes palcos e bibliotecas que parecem revelar o conhecimento do mundo a todos.
Quanto a nós, é claro que não precisamos morar necessariamente numa dessas cidades acima para adquirirmos um consistente repertório cultural. Hoje em dia existem variados canais para nos abastecermos de toda e qualquer expressão artística já criada pelo homem, sendo que para os acessarmos há apenas dois requisitos: consciência de que isto não é coisa banal e um pouco de tempo reservado na agenda.
Mas por que devemos saber sobre civilizações antigas e a obra de pintores que já se foram? De que nos servirá ler obras de filosofia ou assistir a dramas teatrais clássicos? Entre outros motivos, para evitarmos o mal do tecnicismo que inundou as organizações.
Também não podemos esquecer que as pessoas que contam com uma maior bagagem cultural geralmente interagem melhor com as demais e lidam de forma madura com as situações adversas que enfrentam, além de serem mais criativas no dia a dia.
Escutar a Nona Sinfonia de Beethoven e conhecer as obras de Monet até pode não mudar a sua vida de uma hora para a outra, mas certamente fornecerá o aparato cultural necessário para que você converse saudavelmente com as pessoas que farão diferença em sua carreira. E evitará deslizes tolos, como aquele que escutei cinco anos atrás de um gerente: "Pensava que Picasso fosse apenas um modelo de automóvel".
Creio que daqui a algum tempo as pessoas não irão inserir em seus currículos profissionais apenas os cursos que fizeram, os lugares aonde já trabalharam e os resultados significativos que alcançaram. Mencionarão também os livros que leram, os filmes e peças teatrais que assistiram, os museus que visitaram e os lugares que conheceram.
Ou seja, o currículo cultural será tão importante quanto a experiência protocolar acumulada ao longo da carreira porque já não é possível atendermos as exigências do mundo moderno sem buscarmos uma experiência de vida ampla. Isto não quer dizer que deveremos ser intelectuais e sim adquirirmos o estofo mínimo para um trabalho competente.
É por estas e outras que pessoas no início da carreira amadurecem tanto quando oportunizam a si próprias uma experiência internacional. Viver durante algum tempo num país com costumes diferentes e sem o apoio dos familiares faz com que qualquer jovem cresça dez anos em um. Isto sem falar na possibilidade de obter fluência em outro idioma.
Mas se morar algum tempo fora do país não é algo que você cogite, pelo menos reserve uma parcela dos seus recursos financeiros para fazer viagens que sejam enriquecedoras. Se não está a fim de ler os clássicos da literatura mundial, ao menos conheça os da nossa. Prefira filmes europeus aos americanos. E, especialmente, conserve amigos com os quais possa manter conversas em alto nível e que também dediquem tempo ao engrandecimento pessoal.
E se estes argumentos acima não forem suficientes, lembre-se de que certo garoto perguntou a um idoso colega de sala durante o primeiro dia de aula: "Por que você está fazendo este curso se lhe restam poucos anos de vida?" E ouviu a sábia resposta: "Porque eu quero viver melhor, mesmo que este seja o meu último dia de vida". Dias melhores pra você também.
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