O tema Liderança ainda permanece na ordem do dia das companhias brasileiras e por isto é compreensível que grande parte dos investimentos em capacitação de pessoal sejam dirigidos exatamente à formação dos gestores responsáveis por liderar times de trabalho.
Como consequência disto, inúmeros livros têm sido publicados ano a ano a respeito do tema a fim de esclarecer qual o perfil ideal para quem ocupa estas posições de liderança. Discussões à parte, quanto mais complexa é a tarefa de atingir um determinado alvo, mais as pessoas precisam de alguém que as inspire a chegarem até lá.
E não apenas no meio empresarial. Os filhos necessitam de pais inspiradores. Os alunos, de mestres que os incentivem a buscarem mais do que apenas boas notas. E a sociedade, de líderes políticos que deem aos cidadãos motivos suficientes para deixarem em segundo plano seus anseios individuais em prol de algo maior.
Se você fizer uma retrospectiva da história da humanidade nos últimos dois mil anos, as maiores transformações sociais realmente aconteceram em contextos nos quais líderes inspiradores deram ao povo o que precisavam: uma causa significante para lutar.
Veja o caso de Mahatma Gandhi na Índia. Ao defender direitos iguais a todos e mostrar ao povo que era possível a criação de um estado autônomo da Grã-Bretanha sem o derramamento de sangue, ele foi o grande farol para um povo até então totalmente dividido há séculos por religiões, dialetos e costumes díspares.
Mas, o que será que líderes inspiradores fazem para que as pessoas se tornem suas seguidoras? Eles dão o exemplo. Aquele papo de "faça o que eu digo e não faça o que eu faço" hoje é insuficiente para que uma equipe trabalhe doando seu melhor, já que as atitudes do líder são o espelho que as pessoas utilizam para justificar suas ações.
Os biógrafos de Gandhi contam uma passagem muito interessante a respeito. Certa vez uma mulher se aproximou dele com uma criança e fazendo um pedido inusitado: "Gandhi, por favor, peça ao meu filho que não coma tanto açúcar. Já tentei de tudo e ele não me ouve!". Após escutá-la, o líder pacifista lhe solicitou que o procurasse num outro lugarejo uma semana depois levando consigo a criança, pois lá conversariam sobre o assunto.
Não compreendendo muito bem o pedido, mas crente nos conselhos que Mahatma reservava a seu filho, ela se despediu e aguardou ansiosamente os dias se passarem. Depois caminhou mais de cinquenta quilômetros até o local combinado, aguardou pacientemente a sua vez de falar com ele e ficou alegre ao perceber que seu líder os reconhecia.
"Muito bem, garoto. Você deve comer menos açúcar porque este alimento pode fazer muito mal para a sua saúde. Podemos combinar esta mudança a partir de agora?". Todavia, a conversa foi interrompida bruscamente pela mãe: "Mahatma, desculpe-me a franqueza, mas se fosse para falar isto eu não teria vindo, pois já é aquilo que eu digo a ele todos os dias. Além do mais, o senhor também poderia tê-lo dito quando nos encontramos pela primeira vez". No entanto, discordando da mãe, ele ponderou: "Até compreendo a sua decepção, mas até a semana passada eu também comia muito açúcar".
Se você dá um bom exemplo é fácil compreender porque seus liderados são produtivos e comprometidos com a excelência, atuam com o coração aberto e ainda fazem de tudo para conservar um clima de trabalho agradável. Ou porque seus filhos respeitam aquilo que você diz mesmo depois de adultos.
Digo mais. É bem provável que não conte apenas com meros liderados e sim líderes potenciais que se encontram em processo de desenvolvimento. O legado de quem inspira outros seres humanos a fazerem o melhor é a formação de sucessores, tanto no trabalho quanto nas demais esferas da vida.
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