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Aprendendo com o Cirque du Soleil

Viviane Rodrigues
06 ago 2006 às 11:00

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"O Circo do Sol foi criado com um plano muito simples: se divertir, viajar e fazer o público feliz. Tudo começou graças a um grupo de indivíduos famintos por luz, liberdade e imaginação."
Guy Laliberté, 16 de Junho de 1984

Trezentos e setenta mil ingressos colocados à venda para atender ao público brasileiro, esgotados antes da primeira apresentação que ocorreu no último dia 03. Foi assim que o Cirque du Soleil, a mais bem-sucedida fábrica de espetáculos do mundo abriu a sua entrada triunfal no Brasil, onde ficará por três meses em São Paulo e um mês no Rio de Janeiro.

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Esse fenômeno do show business e referência mundial em gestão administrativa, nasceu em 1984, em Quebec (Canadá), quando o então contorcionista que tocava acordeon e cuspia fogo, Guy Laliberté, reuniu alguns artistas de rua para celebrar o descobrimento do Canadá e criou um musical com pernas-de-pau. A partir daí, o Cirque du Soleil, conquistou o Canadá, os Estados Unidos e, em 1999, já mantinha espetáculos simultâneos em quatro continentes.

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Começou com aproximadamente 70 pessoas e, hoje, integra uma equipe de 900 artistas, sendo que em seus 13 diferentes espetáculos que giram o mundo (sete espetáculos itinerantes e outros seis encenados em lugares como Las Vegas e Disney World) já emprega mais de 3.000 profissionais de 40 nacionalidades (25 integrantes são brasileiros) e que se comunicam por mais de 25 línguas. Ou seja, seu elenco reflete o mundo.

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Com sua sede atual em Montreal, o Circo já passou cerca de 250 vezes por 100 cidades do mundo, com um público estimado em 50 milhões de pessoas. Só em 2006, serão 7 milhões de espectadores. Seu faturamento anual é de 600 milhões de dólares e 70% dos seus lucros são investidos anualmente em novas iniciativas, pesquisa e desenvolvimento, e novos shows. Apresenta um crescimento anual de 15%.


Qual é a sua Receita de Sucesso?
O Cirque du Soleil revolucionou a arte dos picadeiros, por isso é hoje um dos estudos de caso mais interessantes e discutidos no mundo, foco de pesquisas inclusive da Harvard Business School, por principalmente surpreender o espectador em todo o processo de seus espetáculos exuberantes. Na tenda principal não há serragens, mas piso de madeira; não há arquibancada de ripas, mas cadeiras de plástico; não há picadeiro, mas tablado que lembra uma semi-arena de teatro; não há trailer, mas contêineres.

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Abandonou a estrutura convencional dos circos, tirando os animais de cena (eliminando assim uma das maiores despesas de um circo e também a mais controversa), mudou o foco para o público adulto (o que antes era uma diversão para crianças, se tornou uma paixão para os adultos) e baseou seus espetáculos na linguagem corporal, na sofisticação intelectual do teatro e do balé e na utilização de tecnologia. Ao fazer isso, o Cirque reinventou o modelo de preços das entradas.


Além disso, possui uma estrutura profissional e empresarial muito eficiente (um negócio que se transformou em uma grande corporação). Para se ter uma idéia, conta com engenheiros e calculistas que chegam ao exagero de conseguir uma inclinação de 1% no asfalto para melhorar a visão do palco. Trabalha com plano de carreira para artistas recrutados em dezenas de países. E estabelece parcerias com mega-empresas como a MGM Hotels e a Disney, para o financiamento de seus grandes espetáculos.

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Seus grandes diferenciais estão em: reunir profissionais muito inteligentes e especiais, que perseguem a excelência em suas performances; utilizar tecnologia de ponta; possuir a incrível capacidade de produzir novidades em série e ter apreço obsessivo pela qualidade.


Participar de um espetáculo do Soleil é poder contemplar performances de Charles Chaplin à Keanu Reeves de Matrix. O tempo inteiro se brinca com os limites do espaço, do tempo e da gravidade. Um dança, outro voa, muda-se de época, de roupa, de cor, de som e estado de espírito. Ali tudo o que se imagina, como nos sonhos, pode acontecer. Inclusive, Daniel Lamarre, presidente da companhia, diz que um dia típico no escritório para ele começa quando ele se questiona: Qual será a coisa mais impossível que eu vou fazer hoje?


No Cirque de Soleil o que mais se aprende é saber trabalhar bem em equipe, principalmente em um ambiente onde se lida com variáveis aparentemente antagônicas como: arte, estratégia, criatividade, disciplina e diversidade. Mesmo com a grande diversidade de pessoas mostra que é possível, através de uma perfeita sincronia, atingir seus objetivos e superar os desafios do dia-a-dia. Lá todos os artistas são atores principais em seus números, mas atuam como coadjuvantes importantes nos números dos colegas.

E duas grandes lições sobre a empregabilidade que se pode tirar da performance dos artistas deste grande circo são que: Todo profissional deve encontrar uma razão do seu trabalho existir, pois só assim sentirá orgulho do que faz... e é preciso sempre ter comprometimento em reinventar a si mesmo sem ter medo de quebrar o pescoço, pois a inovação é o que mais encanta o seu público.


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