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Típico do Paraná

Barreado: uma 'viagem' gastronômica pelo Paraná

Heloísa Prado - Redação Bonde
31 dez 1969 às 21:33

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O prato deve ser servido com farinha de mandioca, banana e cachaça - Arquivo/Folha de Londrina
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No folclore paranaense o barreado é símbolo de fartura, festa e alegria. O nome do prato vem da expressão 'barrear' a panela, com um pirão de farinha de mandioca ou de cinza, impedindo que o vapor escape e o cozido não seque depressa. Há quem prefira a versão de que a origem do termo está ligada à panela de barro usada para fazer o cozido.

O prato, feito à base de carne e em panela de barro, é forte, elaborado e delicioso! Por isso é ideal para ser consumido durante os meses mais frios do ano. Para fazer o barreado é necessária muita paciência, já que para ficar no ponto, o prato precisa de 12 a 18 horas de fogo baixo. Tradicionalmente, o barreado é feito em fogão a lenha, mas nada impede que seu cozimento se dê em fogão a gás. Para isto, são necessárias algumas providências: a chama tem que estar no ponto mínimo e a panela deve ser colocada sobre uma chapa de ferro ou alumínio para que não fique em contato direto com o fogo.

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A sua origem é objeto de crônicas e polêmicas que divide as cidades de Paranaguá, Antonina e Morretes, cada qual reivindicando a paternidade do prato. Tudo começou quando as mulheres da região, para poderem participar do entrudo (festa precursora do carnaval), paravam com seus afazeres, para somente se dedicar à dança do Fandango (dança popular na Idade Média, mas obrigatória nos aristocráticos salões europeus, no século XVII), e comer o barreado.

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O cozido podia ser preparado com antecedência, o que permitia às caboclas acompanhar seus parceiros, sem descuidar das tarefas domésticas. Era só esquentar o barreado e fazer o pirão com farinha de mandioca escaldada pelo caldo grosso de carne, acompanhado de banana da terra cozida, pois mesmo requentado, o prato não perdia o sabor.

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Outros dizem que o barreado incorporou-se à culinária cabocla com a ajuda dos tropeiros que subiam e desciam o litoral pelos caminhos das serras e que no fim da tarde, quando acampavam para o pernoite, faziam uma densa refeição. Afirma-se também que, no passado, o barreado era levado a um braseiro, onde deveria permanecer por 24 horas, até " ficar no ponto".


De um jeito ou de outro, todos concordam que a cachaça sempre acompanhou e deve continuar acompanhando o barreado. Outros acompanhamentos típicos são a farinha de mandioca escaldada pelo caldo grosso do barreado, formando suculento e nutritivo pirão, e a banana, sempre encontrada em profusão na serra do mar.

Hoje, o barreado ultrapassou as fronteiras culturais e superou a disputa entre Morretes, Antonina e Paranaguá, para se tornar o mais típico prato do litoral paranaense. Os antoninenses que possuem a mais forte tradição carnavalesca do Paraná, tendem a associar o barreado ao "entrudo". Já os morretenses tendem a aproximar a origem do barreado com sua cidade, preferindo a versão de que o prato se incorporou à cultura local pela mão dos tropeiros.


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