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Vegetarianismo, você é o que come

31 dez 1969 às 21:33

Yuri Maranhão é um recém-convertido. Há menos de um ano, trocou os hábitos carnívoros pelo vegetarianismo e agora não pensa em voltar atrás. "Passei a ter mais disposição para fazer as coisas. As idas ao banheiro também aumentaram, pois meu intestino não está tão lento quanto antes", garante o rapaz de 21 anos, que trabalha como cinegrafista em eventos.

Como Yuri, muita gente anda abrindo mão da carne e de outros alimentos de origem animal em nome da saúde (estima-se que 2% da população mundial é vegetariana). Mas há quem se aprofunde no assunto e transforme essa atitude num estilo de vida: o veganismo. "O vegetarianismo é uma questão alimentar, de dieta. Já o veganismo é muito mais do que isso. É um modo de consumo que preza pela libertação animal, contra a violência. Os veganos não consomem roupas de couro ou peles e nem usam produtos de beleza e limpeza testados com animais", explica a nutricionista Natália Chede, 26.


Natália é membro da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e uma das organizadoras da Feira Vegetariana de Curitiba, cuja segunda edição aconteceu no último sábado, na Praça 29 de Março. Era o Dia Mundial do Veganismo, e cerca de 15 expositores ofereceram seus produtos para curiosos e adeptos de carteirinha. No cardápio, diversas versões "verdes" para alimentos do dia-a-dia: cachorro-gente, hambúrguer, coxinha, bolo, espetinho, etc.


Letícia Koehler, 29, acabou de chegar da Itália e aproveitou a feira para vender novidades que trouxe de lá, como um shake em pó de clorofila biodinâmica. "O método biodinâmico potencializa as propriedades da planta. Vai além do orgânico", afirma.


Ela se refere à agricultura biodinâmica, uma técnica de cultivo que, entre outras características, leva em conta a intuição, a observação do solo e o acompanhamento do calendário lunar. Tem origem na Antroposofia, espécie de "ciência espiritual" criada pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner no início do Século 20. Mas isso é tema para outra reportagem...


Para Letícia, o primeiro impacto do veganismo, e mesmo do vegetarianismo, na vida do indivído é social. "No começo, sempre rola um constrangimento quando você vai jantar na casa de alguém e não há um prato sem carne. Aos poucos, as pessoas vão se acostumando e aceitando", diz.


Filha de uma família de carnívoros, ela ainda conta que se surpreendeu com a evolução do mercado "vegano" na Europa. "Além das feiras, há supermercados inteiros com produtos orgânicos. Até cotonetes são vendidos". Em sua barraca, Letícia também oferece produtos de limpeza para veganos - de origem vegetal e não testados em animais. O detergente, por exemplo, custa R$ 6,50 (quase o triplo do preço de uma marca comum).


Para os não-iniciados, fica difícil não associar o vegetarianismo a algumas práticas espirituais. Ao longo da feira, há barracas comandadas por hindus, hare krishnas e praticantes de ioga - sem contar os neo-hippies de plantão. Natália, no entanto, faz questão de dizer que se trata de um estereótipo. E cita uma lista de gênios da humanidade que foram vegetarianos e não se enquadram nesse perfil.

Entre os relacionados estão Einstein, Da Vinci, Platão e Pitágoras. Este último escreveu: "Que horror é meter entranhas em entranhas, engordar um corpo com outro corpo, viver da morte de seres vivos". Na Grécia Antiga, ele já sabia que você é o que come.


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