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Tradição árabe 'invade' o cardápio londrinense

14 jul 2010 às 09:51

Tabule no restaurante self-service, beirute na lanchonete, porção de quibe no boteco, esfirras abertas no delivery. Não há dúvidas de que a comida árabe já faz parte do cardápio dos londrinenses há muito tempo. Mas será que faz tanto tempo assim?

Criado há 45 anos no mesmo endereço e mantendo o mesmo mobiliário até hoje, o restaurante Kiberama ajuda a contar um pouco dessa história. Na década de 1960, a maioria das iguarias árabes ainda era novidade. Isso explica o sucesso do almoço que Salime Dakkache serviu para amigos de seu marido, Michel (falecido em 2001). Eles ficaram tão empolgados que não apenas sugeriram a abertura de um restaurante, mas também contribuíram financeiramente para que o estabelecimento pudesse ser inaugurado. ''Na época, era um balcão em formato de ferradura, ocupando metade do espaço do balcão de hoje'', relembra dona Salime, que até hoje comanda a cozinha da casa.


A ferradura deu sorte. As porções de homus, babaganuj, coalhada, quibe cru e outros pratos, acompanhados de pães e azeite, foram atraindo cada vez mais público, e o balcão precisou ser ampliado. Posteriormente, até mesmo a casa onde a família morava, nos fundos do estabelecimento, foi transformada no salão onde hoje é servido o self-service no almoço e o jantar à la carte.


O fato de manterem sempre o mesmo padrão de qualidade (são os mesmos fornecedores há décadas) ajudou o Kiberama a popularizar pratos com ingredientes como o grão de bico, que hoje vem sendo considerado o grão da alegria por suas propriedades antidepressivas, a lentilha, historicamente repleta de significados, e o carneiro. No tempero, pimenta síria, limão, azeite e bastante alho com hortelã. ''Não usamos muitas especiarias porque tira o sabor dos alimentos, e não combina com nossos pratos'', explica Salime.


Cozinheira de mão cheia, ela deu seu toque também na receita do pão, diferente da original, e no charuto de repolho (ver receita abaixo). ''Posso dizer sem medo de errar que o charuto de repolho foi popularizado aqui pela minha família. Em Londrina, antes do Kiberama, ninguém conhecia'', garante.


Ainda assim, o grande diferencial continua sendo a esfirra, considerada por muita gente a melhor da cidade. ''Não vai manteiga, ovos nem leite na massa. Por isso ela é tão leve'', revela. Mas, para esta filha de libaneses de 75 anos que é a tradição em pessoa do restaurante árabe mais antigo da cidade, o segredo é outro: ''É o amor e a bênção de Deus.''


O Kiberama funciona diariamente das 10h às 22h (domingo até as 15h30).


Sugestão de prato árabe



Charuto de Repolho


Ingredientes


- 1 repolho manteiga grande
- 3 litros de água
- 500g de carne moída (acém)
- 200g de arroz parboilizado cru
- 1 colher de sopa de sal
- 1 colher de café de pimenta síria
- 1 colher de café de pimenta do reino
- 1/2 xícara de chá de óleo
- 200g de tomate picado com semente
- 1 colher de sopa de alho batido com hortelã


Modo de preparo

Separe as folhas do repolho tirando o talo. Coloque as folhas para cozinhar nos 3 litros de água até que fiquem moles. Em uma vasilha misture o arroz, a carne moída, o tomate, o óleo e os temperos, amassando bem. Abra a folha de repolho em uma superfície, coloque a mistura de arroz e carne e enrole como se fosse um rocambole. Enfileire os charutos em uma panela. Adicione água, tomate em fatias, alho com hortelã e sal a gosto sobre os charutos até que estejam cobertos. Deixe cozinhar por mais ou menos 30 minutos sem mexer.


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