Depois de afetar itens básicos, como o arroz e o feijão, a pressão no valor dos alimentos agora atinge um importante personagem da mesa do brasileiro: o churrasco. De junho de 1998 ao mesmo mês de 2008, o aumento desse tipo de alimento foi, em média, de 180%. O índice IPCA (Índice nacional de Preços ao Consumidor Amplo) - que o governo utiliza para medir a inflação - subiu nesse período 90,97%.
"Detalhando a porcentagem de cada item que compõe o churrasco, percebemos que todos os alimentos tiveram aumento superior à inflação: a) costela de boi (207,13%); b) carne bovina de primeira (169,08%); c) frango (135,57%); d) alface crespa (123,61%); e) cebola (123,61%); f) pimentão (101,61%). Apenas a inflação dos ingredientes da salada de maionese ficaram abaixo do IPCA. Batata (81,82%); cenoura (73,21%); tomate (64,98%); cheiro verde e temperos (54,99%)", aponta o consultor financeiro Marcos Crivelaro, professor da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista).
De acordo com Crivelaro, a alta da inflação em gêneros de primeira necessidade é um problema de ordem mundial. O elevado custo de vida aflige 1 bilhão de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza. "Na América Latina, essa é a situação de quase 80 milhões de pessoas. A taxa média de alta generalizada dos preços dos alimentos nos países emergentes, acumulada em 12 meses, é quase o triplo da dos países ricos. A revista britânica The Economist estima que a média mundial de inflação subiu para 5,5%, o nível mais alto desde 1999, e que dois terços da população mundial deverá conviver com inflação acima de 10% neste ano", relata o professor.
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Como motivos para esta onda de inflação o consultor aponta a aceleração do crescimento global, que retirou 500 milhões de pessoas da miséria e pobreza nos últimos quinze anos. "Nesse período houve um forte crescimento da economia internacional, especialmente na China e na Índia e, por isso, estamos vivendo uma crise de oferta de produtos, o que provoca o aumento dos preços das commodities (petróleo, metais e alimentos)", explica Crivelaro.
Segundo o consultor, em época de inflação alta economizar no supermercado é essencial para garantir a saúde do bolso. "Infelizmente, muitas pessoas se desacostumaram de comparar os preços não fazendo lista do que e quanto comprar. A disposição de não ser fiel à mesma marca e a de cortar supérfluos é crucial nesse cenário atual de inflação, onde a cesta básica já subiu 29% no primeiro semestre deste ano, segundo o Dieese".