Em dezembro não tem para ninguém. Levante a mão aquele que ainda não comeu uma fatia de panetone nos primeiros 10 dias do mês. A iguaria pode ter sido criada na Itália, mas tanto caiu no gosto do brasileiro que o pão levemente doce com frutas cristalizadas e uvas passas parece mesmo um autêntico produto nacional.
O panetone não faz só a alegria das famílias em volta do café da manhã ou do lanche da tarde. Fábricas, padarias e supermercados encaram a guloseima como um verdadeiro presente de Papai Noel. O presidente do Sindicato das Indústrias da Panificação do Paraná, Joaquim Cancela Gonçalves, afirma que em dezembro o panetone representa, em média, 5% do faturamento das padarias curitibanas.
Segundo ele, que é proprietário da Panificação Vera Cruz, localizada no centro da cidade, a preferência do brasileiro recai sobre o tipo tradicional, com frutas. Em segundo lugar está aquele em que na massa é acrescentado chocolate em gotas.
O presidente comenta que até os anos 1980, era mais comum no mercado aquele "panetone de caixinha", ou seja, o industrializado. Há quase 30 anos, as padarias e supermercados espalhados por todo o Brasil se especializaram no prato e iniciaram também a produção. Gonçalves faz propaganda do produto feito pelos padeiros: "É um panetone mais úmido, natural, sem conservantes".
Nos últimos dias, a Escola de Panificação do sindicato encerrou um curso ensinando funcionários de padarias a produzir panetones. A procura foi grande na escola, que foi inaugurada em maio deste ano e já prepara uma grade de novos cursos para 2009.
A pedido da Folha, Gonçalves repassa uma receita de panetone para quem deseja fazer em casa. Mas o sindicalista avisa: "Dá muito trabalho". Para quem quiser arriscar, confira no link abaixo todos os passos da produção.
Lendas contam história do panetone
A real história do panetone se perdeu no tempo. E o que encontra-se hoje são apenas muitas lendas, nada provado. Uma delas diz que o panetone foi feito, pela primeira vez, no século III d.C. Teria a forma de um pão grande e era confeccionado com uma massa conservada pronta, modelada e depois posta para assar.
A segunda versão é de que o panetone teria sido confeccionado pela primeira vez por um certo Ughetto, no tempo de Ludovico, o mouro, na padaria Della Grazia, em Milão, e passou a se chamar no início de ''Pani de Toni'', nome do padeiro que o criou. No entanto, o panetone começou a ser conhecido no mundo todo a partir do ano de 300. O pintor holandês Jan Albert Rootins (1615 - 1674) representou no centro de seu quadro ''Natureza morta com frutas'', um magnífico panetone.
Com o passar do tempo, na Itália, começaram a surgir nove tipos de panetones baseados em duas escolas: a primeira, descrita como um panetone redondo, com base larga, bastante baixo e achatado, comum durante a Páscoa, e a segunda, preferida pela grande indústria doce, onde o panetone é alto, com base estreita e com uma cúpula bem acentuada, comum na época do Natal.
Depois, conforme o panetone foi cada vez mais consumido em outros países, novos tipos foram surgindo, novos ingredientes acrescidos para satisfazer o paladar e os gostos.
Fonte: História da Culinária /www.fleischmann.com.br