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Mudança radical

Helena Rizzo, dos editoriais de moda para a cozinha

Micaela Orikasa - Folha de Londrina
31 dez 1969 às 21:33

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"Pode-se comer bem qualquer coisa. Desde um sanduíche até um menu de degustação superelaborado. O segredo é fazer bem feito, bem gostoso" - Cleiby Trevisan / Divulgação
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O desafio a inspira. A curiosidade é sua ferramenta de criação. E o bom gosto e o talento já vêm de berço. Não é à toa que a menina, que antes espiava a cozinheira de casa preparar as refeições, por puro fanatismo, agora é uma das chefs de cozinha mais elogiadas no País. É por isso que hoje falar de arte gastronômica sem citar Helena Rizzo é quase que uma gafe indigerível.

Em entrevista exclusiva para a Folha de Londrina, durante um evento da Dell Ano em São Paulo, Helena se mostra, além de muito bonita, simpática, com humor de sobra e ainda, muito profissional. Gaúcha, 29 anos, casada com o chef espanhol Daniel Redondo, com quem divide o comando do Restaurante Maní, em São Paulo, Helena conta que a decisão de morar na capital paulista foi em razão da carreira de modelo, porém, o tempo se encarregou de arrastá-la para perto das panelas.

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Sua trajetória ainda é questionada por alguns curiosos em saber porque ela deixou o mundo da moda para se tornar chef de cozinha. ''Trocar os castings pela gastronomia foi uma vontade minha. Sempre gostei de cozinha e, quando vim trabalhar como modelo, aos 16 anos, paralelamente fui buscando atividades no meio gastronômico. Também viajei pela Europa durante quatro anos, só conhecendo e fazendo estágios em restaurantes'', diz ela, que pode ser descrita como uma eterna apaixonada pela profissão. Paixão essa que surgiu de uma simples explicação: ''Adoro comer. Sempre fui comilona'', confessa.

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No início, Helena trabalhou com a banqueteira Neka Barreto e com os chefs Bassoleil e Bosseguia, durante sua temporada no restaurante Roanne e na rede Fasano. Essas influências, aliadas ao fato de vir de uma família miscigenada entre italianos, ingleses e alemães, ter trabalhado na Itália e na Espanha e, ainda, ter sabedoria para combinar diferentes ingredientes, fazem sua cozinha bem contemporânea. Termo que ela ainda não acredita ser o mais adequado. ''Minha cozinha é a busca do que possa chegar um dia a ser a minha cozinha'', brinca.

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Sobre algum prato especial, Helena diz que não tem nenhum. Algo que uma das proprietárias do Maní, a atriz e modelo Fernanda Lima, discorda. Prova disso, foi a indicação da atriz para que Helena participasse do programa global ''Estrelas'', no quadro de receitas dos famosos. ''O Risoto de Beterraba que fiz no programa é um dos pratos favoritos da Fernanda e um dos mais pedidos no Maní. É bom e eu gosto de fazer'', admite.


Já, em casa, ela confessa que não tem o hábito de cozinhar. ''Mas meu marido cozinha. O Dani gosta de fazer cozinha clássica catalã, baseada em muitos cozidos, lentilha e grão-de-bico'', conta.

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E essa parceria tanto conjugal como profissional permite a troca de experiências entre Helena e Daniel, ou melhor, de receitas. ''Nossa cozinha é bem diferente, pois ele é espanhol e tem uma cultura bem diferente da minha, mas a gente sempre troca receitas e dicas. Mas claro, sempre respeitando o espaço do outro porque isso é fundamental'', ressalta.


Ao ser indagada sobre o ingrediente indispensável na cozinha, logo responde: ''O sal, com certeza''. E com o mesmo tom decisivo, aponta uma qualidade e um defeito de um chef. ''Uma qualidade é ser persistente. Outro dia, experimentei fazer uma Terrine de Pêras Cozidas ao Vinho. Ficou uma delícia, mas não como eu tinha imaginado. Portanto, vou refazer. A persistência é o melhor caminho para criar um prato gostoso. Agora, o defeito, eu acho que é o nervosismo''.

Para ela, o importante também não é só a apresentação do prato, mas o fato de se comer bem. ''E pode-se comer bem qualquer coisa. Desde um sanduíche até um menu de degustação superelaborado. O segredo é fazer bem-feito, bem gostoso e com bons ingredientes. O momento em que se come tem que ser o melhor. Tem que surpreender'', completa ela, que só teve dificuldade na hora de responder o que considera ser o grande charme da profissão. ''Ai... para mim é tudo'', conta, aos risos.


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